Eleitores do Burundi votam esta quinta-feira num referendo no qual, se o "sim" sair vencedor, poderá manter no poder, até 2034, o actual Presidente, Pierre Nkurunziza, chefe de Estado desde 2005.
O referendo que visa anular a limitação dos actuais dois mandatos presidenciais e estender a legislatura de cinco para sete anos, tem sido criticado pela oposição, que o considera "desrespeitoso" para com a democracia. Colocando em causa o número de eleitores inscritos, cerca de meio milhão a mais do que o projetado.
Segundo o presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), Pierre-Claver Ndayicariye, citado pelo Notícias ao Minuto, o aumento do número de votantes, cujo recenseamento terminou a 17 de Abril, justifica-se pela inclusão de emigrantes na diáspora e por ter em conta os jovens que atingirão a idade legal para votar nas presidenciais de 2020.
Ndayicariye não adiantou quantos dos cinco milhões de eleitores inscritos podem votar em Maio, bem como a diferença para os que poderão fazê-lo em 2020.
Por outro lado, para o Governo, o aumento do número de eleitores inscritos explica-se "pelo empenho e pelo sentimento patriótico" dos cidadãos, que são os "iniciadores" do referendo constitucional.
A oposição uniu-se contra o projeto e, defendendo o "não", considerou que uma vitória de Nkurunziza "será a morte" do Acordo de Paz assinado em Arusha (Tanzânia), que abriu as portas ao fim da violenta guerra civil no país e que provocou mais de 300 mil mortes.
Em Abril de 2015, o anúncio da controversa candidatura de Nkurunziza a um terceiro mandado presidencial mergulhou o Burundi numa crise política e social que já provocou pelo menos 1.200 mortos e mais de 400 mil refugiados, levando o Tribunal Penal Internacional (TPI) a abrir uma investigação, ainda sem conclusões.