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Ramaphosa critica custo do financiamento da transição energética

O Presidente da África do Sul criticou, hoje, na COP27, o custo da ajuda internacional para a transição energética, considerando que os custos dos empréstimos são demasiado elevados para a maioria dos países que tentam diversificar as fontes de energia.

Na sua intervenção na Conferência das Partes das Nações Unidas (COP 27), que decorre em Sharm el-Sheikh, no Egito, Cyril Ramaphosa não poupou nas palavras, tendo criticado os custos dos empréstimos para transição energética.

“Actualmente, a ajuda multilateral está fora do alcance da maioria da população mundial devido a políticas de empréstimo avessas ao risco e têm custos e condições demasiado onerosas”, disse Cyril Ramaphosa.

O Chefe do Estado sul-africano defendeu que “os bancos multilaterais de desenvolvimento devem ser reformados para satisfazer as necessidades das economias em desenvolvimento para o desenvolvimento sustentável e a resiliência climática” e apelou à “equidade internacional” e a uma transição “justa e inclusiva”.

O Presidente da África do Sul, um dos países mais poluentes do mundo, que luta com dificuldades para financiar a sua transição energética, disse que os países do hemisfério sul vão precisar de mais de dois mil milhões de dólares por ano até 2030 para financiar a sua acção climática, quase metade dos quais virá de investidores externos, de acordo com um relatório encomendado pela presidência da COP.

Os países desenvolvidos, que prometeram 8,5 mil milhões de dólares no ano passado para ajudar a África do Sul a fazer uma “transição energética justa”, aprovaram, na segunda-feira, o plano do país para alcançar esse objectivo.

Numa declaração conjunta emitida no início da COP27, os Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, França e Alemanha anunciaram que tinham aprovado o “Plano de Investimento para uma Transição Energética Justa”, apresentado na semana passada pelo Governo sul-africano.

O plano estima as “necessidades financeiras em 98 mil milhões de dólares ao longo de cinco anos para iniciar uma transição energética, que se prolongará por 20 anos na África do Sul”, esclarece-se na declaração.

A aprovação dos países do “grupo de parceiros internacionais” (GPI) permitirá libertar os 8,5 mil milhões, anunciados no ano passado na COP26 em Glasgow.

O financiamento será “desembolsado através de uma variedade de mecanismos durante um período de cinco anos, incluindo subvenções, empréstimos a juros bonificados, e instrumentos de investimento e partilha de riscos”, indica-se num comunicado do GPI.

Desde a conclusão do acordo de princípio sobre o “JET-P”, a Parceria para uma Transição Energética Justa, apresentado como um exemplo de cooperação a seguir na luta contra as emissões nos países em desenvolvimento, as negociações têm sido delicadas para a sua implementação.

A África do Sul obtém 80% da sua electricidade a partir do carvão, um pilar fundamental da economia que emprega quase 100 000 pessoas, mas a transição energética implica o fecho de várias minas até ao fim de 2030.

A empresa estatal Eskom, altamente endividada, é incapaz de produzir electricidade suficiente com instalações envelhecidas e o país é afectado por contínuos apagões.

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