Como se conquistam duas categorias do Prémio Literário TDM? Esta é daquelas perguntas que nem Armindo Mathe sabe responder, embora tenha alcançado tal proeza. Seja como for, para o autor que lançou as suas duas primeiras obras literárias ontem, no Centro Cultural Brasil-Moçambique: “Romaria: três dimensões do vento” e “(Des)Contos do tempo”, a finalidade da escrita não é vencer o que quer que seja, antes pelo contrário, o foco do escritor ou do poeta deve ser um conjunto de actividade que garante qualidade, “e isso foi o que eu fiz desde o princípio”, garantiu Mathe, sublinhando que boa escrita advém de uma boa leitura. Mas só isso não basta, também é preciso muita convivência, o que ficou garantido com a amizade resultante do Movimento Literário Kuphaluxa, impulsionada por poetas como Álvaro Taruma e Nelson Lineu.
No acto da escrita, o que mais atrai Armindo Mathe é a possibilidade de contribuir para a sociedade de algum modo, em harmonia com o que sente e o que vê, sempre apoiado na possibilidade de os seus sentimentos poderem alcançar vários públicos e de maneira diferente. “Na verdade, o que eu pretendo com todo o jogo de palavra que construo é fazer com que as pessoas entendam que há uma dimensão além desta em que nos encontramos. A maior a parte da população moçambicana está a viver aquilo que não deseja. Há um outro patamar que as pessoas esperam alcançar. Com a minha poesia, por exemplo, quero contribuir para que as pessoas possam voar até atingir o horizonte dos seus sonhos”. Para o efeito, assim entende Mathe, as pessoas devem aprender a enfrentar o futuro de forma nua, só nesse estado é possível atingir a outra dimensão.