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Província de Cabo Delgado descrita como epicentro da violência baseada no género

Foto: O País

Pelo menos 23,6 por cento das mulheres e raparigas dos 15 aos 49 anos de idade foram vítimas do crime de violência baseada no género, de acordo com os dados do Inquérito Demográfico de Saúde 2022–2023.

A província de Cabo Delgado é apontada como o epicentro do crime, devido à prevalência do terrorismo. De 2015 a 2023, os casos subiram 4,8 por cento, facto que preocupa as autoridades.

O Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime afirma que o facto se deve à subida do número de pessoas deslocadas e à permanência de centros de acolhimento.

“A situação do Cabo Delgado é uma realidade cada vez mais preocupante e é onde existem factores de vulnerabilidade para todos, uma vez que a quantidade de deslocados internos está cada vez mais crescente”, disse António de Vivo, da UNODC, que afirmou, ainda, que a sua organização se encontra presente no terreno com o objectivo de mitigar os impactos, apesar de reconhecer a complexidade do acesso às vítimas.

A Procuradoria-Geral da República reconhece haver dificuldades de intervenção devido à fraca denúncia das vítimas, associada a factores sociais e culturais. “Os casos não podem continuar a ser resolvidos e a ficar num círculo restrito e familiar. É preciso que todos digamos basta. É momento de começarmos a responsabilizar com eficácia os infractores”, disse Amabélia Chuquela, procuradora-geral-adjunta, que falava após o evento.

Os dados foram partilhados à margem de mais um ciclo de mesas redondas sobre mecanismos mais eficazes para prevenção e combate à violência baseada no género, sendo que a próxima edição está marcada para Cabo Delgado.

Dados do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime apontam que uma em cada três mulheres sofre violência baseada no género na região austral de África, onde se estima que 33 por cento das melhores casadas foram vítimas de uniões prematuras.

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