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Profissionais de saúde vão paralisar as actividades por 25 dias prorrogáveis

Foto: O País

Várias associações do sector da saúde vão entrar em greve durante 25 dias prorrogáveis, a partir do dia 1 de Junho em todo o país. As razões da convocação da greve tem a ver com os baixos salários, não pagamento de horas extras, falta de condições e equipamentos, incluindo medicamentos nos hospitais.

São 10 mil profissionais de saúde a nível nacional inscritos em várias associações dos profissionais de saúde que integram enfermeiros; técnicos de saúde, afectos à radiologia, farmácia, maternidade, laboratórios, medicina curativa e preventiva; agentes de serviços, motoristas, entre outros.

Anselmo Muchave, na companhia de dois dos seus colegas, avançou as motivações da greve em conferência de imprensa havida na manhã desta terça-feira em Maputo.

“Os profissionais de saúde, reunidos em assembleia-geral, decidiram convocar uma greve nacional para a partir de 1 de Junho de 2023, com duração de 25 dias prorrogáveis. Queremos deixar claro que serão paralisadas as actividades dos agentes e profissionais de saúde, que são auxiliares de serviços, motoristas, enfermeiros básicos, médios, superiores especializados em saúde, técnicos básicos, médios e superiores especializados em saúde filiados à associação. A outra classe (médicos) irá garantir que os hospitais estejam em funcionamento. Lamentamos profundamente termos chegado a este ponto, mas não estamos em condições psicológicas, físicas e espirituais para continuarmos a oferecer os serviços de saúde e cuidados que vocês merecem”, detalhou Anselmo Muchave.

Nos últimos anos, os profissionais de saúde dizem que têm alertado o Governo sobre as dificuldades que têm enfrentado no dia-a-dia.

“No momento em que falamos, além da falta habitual de medicamentos e equipamentos de protecção individual, como luvas de cano alto para maternidade, alguns hospitais em Moçambique enfrentam a escassez de soro fisiológico, o que obriga os pacientes a comprarem esses produtos para procedimentos cirúrgicos. A recente pandemia da COVID-19 expôs, não apenas a fragilidade do nosso sistema de saúde, como também os sacrifícios e os riscos enfrentados pelos profissionais de saúde que estão em contacto directo com os pacientes. O número de profissionais de saúde que perderam a vida durante a pandemia é a prova disso.”

Os profissionais de saúde dizem ainda que não recebem horas extras desde o ano passado; que a implantação da Tabela Única Salarial está a causar prejuízos àquela classe de profissionais e responsabilizam o Governo por esta situação.

“A Tabela Salarial Única corroeu significativamente os direitos adquiridos pelos profissionais de saúde. Pedimos desculpas novamente pelo sacrifício que estamos a pedir a todos diante desta situação que foi imposta por um Governo que recusa a fornecer os recursos necessários para a prestação de adequados serviços de saúde e a respeitar os nossos direitos.”

Os profissionais de saúde dizem que já submeteram a carta reivindicativa ao Gabinete do Primeiro-Ministro e ao ministro da Saúde e que estão abertos ao diálogo para a resolução dos problemas que a classe enfrenta.

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