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Professores paralisam aulas em Maputo por falta de horas extras

Foto: O País

Docentes de algumas escolas da Cidade de Maputo paralisaram as aulas do curso nocturno desde a última sexta-feira, devido à falta de pagamento de horas extras desde Outubro do ano passado. Os alunos dizem ser os mais prejudicados. Já o Serviço de Assuntos Sociais diz estar ciente do problema, mas não sabe quando será resolvido.

A situação não é das melhores na Escola Secundária Francisco Manyanga. Há três dias que os alunos não sabem o que é ter aulas. É que os professores decidiram atirar o giz e o apagador ao chão em reivindicação das horas extras que não lhes são pagas desde Outubro do ano passado.

Os professores, que não quiseram gravar entrevista, dizem estar agastados com a situação, porque se arrasta há vários meses e o Ministério da Educação não se pronuncia sobre o assunto.

Esta terça-feira, o “O País” escalou a Escola Secundária Francisco Manyanga, onde os professores e a direcção estiveram reunidos, mas, segundo constatou, não houve solução, se não desanimo por parte dos docentes, que anseiam por uma resposta.

Enquanto continua o braço-de-ferro entre os professores e o sector da educação, há quem sofre com as consequências – os alunos, que vêem o seu aproveitamento em risco. Os professores até vão à escola, mas não dão aulas.

José Madeira, aluno da Escola Secundária Francisco Manyanga, diz-se frustrado com o facto de não ter aulas, uma vez que tem gastado dinheiro de transporte em vão. Madeira não é contra a inquietação dos professores, mas acredita que devia haver uma comunicação saudável ao nível da instituição de ensino, de modo que os estudantes não sejam lesados.

Por outro lado, Augusta João, também aluna da Escola Secundária Francisco Manyanga, diz temer que o aproveitamento seja baixo, visto que está a frequentar uma classe com exame.

“Nós temos exame, não sei como vamos fazer. Tínhamos que fazer provas esta semana, mas não estamos a fazer. Eu não sei como é que vai ser”, lamentou Augusta João.

A paralisação das aulas verifica-se igualmente na Escola Secundária Noroeste 1. Os alunos estão sem aulas desde segunda-feira, e o motivo é o mesmo – falta de pagamento de horas extras aos professores.

Os alunos dizem já ter perdido uma avaliação, na última segunda-feira.

“Ontem devíamos ter feito teste de Português, mas não fizemos porque os professores não deram aulas. Amanhã temos teste de Geografia, mas não sabemos se teremos”, disse Leila Issário, aluna da Secundária Noroeste 1.

Os alunos pedem a rápida intervenção do Ministério da Educação para a retoma das aulas.

“Eu gostaria que voltássemos a ter aulas porque nós é que saímos a perder; os testes estão a caminho e não temos matéria. Não sabemos como é que vai ser”, clamou um estudante que falava em anonimato.

Por seu turno, Egnência Tivane, aluna da Secundária Noroeste 1, apelou ao Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano para que resolva a preocupação dos professores de modo a retomarem as aulas.

O problema que assola os professores é do conhecimento do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, mas a instituição diz não saber quando poderá resolver as inquietações, segundo disse o Serviço de Assuntos Sociais da Cidade de Maputo.

“Reconhecemos, de facto, que há esta realidade, mas, como cidade, estamos a trabalhar junto às finanças para ultrapassar este problema técnico que estamos a ter agora para o pagamento das horas extras. De facto, estamos a ter um problema técnico, mas a qualquer momento nós vamos pagar”, avançou Artur Dombo, director do Serviço de Assuntos Sociais da Cidade de Maputo.

Ainda assim, a instituição apela aos professores para que retomem as aulas até que o problema seja resolvido.

A falta de pagamento de horas extras aos professores não é um problema novo e já levou à paralisação de aulas em diferentes pontos do país. Soluções efectivas tardam a chegar.

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