Sidónia Massangaie é a primeira mulher comodoro no país, mas, em termos de hierarquia, é a segunda pessoa mais importante na Marinha de Guerra.
A trajectória da recém-promovida à patente de Comodoro da Marinha de Guerra de Moçambique começa por volta dos anos 80 na cidade da Maxixe, na província de Inhambane.
Muito antes de ingressar, voluntariamente, nas fileiras das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), Sidónia Massangaie já era médica de clinica geral em Maxixe, entretanto a sua paixão pela vida militar estava em si desde a infância.
“É um sonho de infância, que tive a oportunidade de concretizar, num momento relativamente um pouco tardio. Nasci e cresci em Inhambane. Na década de 70/80, a cidade Maxixe tinha um contingente militar significativo e a minha escola (Primária da Maxixe) localizava-se nas proximidades do quartel. Então, via militares a circularem pela cidade e isso ficou; escolhi ser como eles”, disse Massangaie.
Uma vez que os sonhos são mesmo para serem realizados, anos mais tarde, a nossa fonte decidiu abandonar a Medicina para se juntar ao Exército, uma tarefa não fácil, que, segundo conta, exigiu de si um esforço adicional.
“Quando as pessoas são determinadas, dão o melhor de si para superar os obstáculos. Foi o que aconteceu comigo e com as mulheres que iniciaram a trajectória na mesma altura que eu”, frisou.
Antes de se especializar em ginecologia, Sidónia Massangaie conta que, durante anos, trabalhou em diversos centros de instrução militar.
“Não fui de imediato para o ramo da Marinha. Continuei no ramo do exército. Fui trabalhar no centro de Instrução básico de Munguíne, na província de Maputo, onde fui formada. Trabalhei como médica durante cerca de três ou quatro anos. Depois disso, avancei para o curso de especialidade. Em quatro anos, fiz ginecologia e obstetrícia no Hospital Central de Maputo e, depois disso, retornei ao Hospital Militar de Maputo, no departamento de Ginecologia”, contou.
Dois anos depois, rumou a Portugal para se formar como Oficial Superior da Marinha, no Instituto de Estudos Superiores Militares de Lisboa.
Anos depois, Massangaie regressa ao país com o tão almejado diploma. Além de ser a primeira mulher com a patente de comodoro, Sidónia Massangaie é, igualmente, directora do Departamento de Saúde Militar, no Estado-Maior General das FADM.