Pela terceira vez consecutiva, o Presidente da República prorrogou, este domingo, o Estado de Emergência por 30 dias, de 30 de Junho a 29 de Julho. O decreto sobre a matéria será analisado e aprovado hoje, em sessão extraordinária, pela Assembleia da República (AR), que observa um interregno regimental, desde 03 de Junho prestes a findar.
Finda esta quarta fase do Estado de Emergência, o país completará 120 dias tentando conter a propagação da pandemia novo Coronavírus.
A validade dos documentos caducados durante o Estado de Emergência, incluindo os vistos de viagem já emitidos, foi também estendida até 30 de Setembro próximo.
Numa comunicação à Nação, a partir da Sala dos Grandes Actos do Palácio da Ponta Vermelha, Filipe Nyusi falou pouco mais de 36 minutos. Apresentou o que se pode considerar uma radiografia da visão do Governo em relação à forma de ser e estar dos moçambicanos em face de progressivos números da COVID-19.
Sem surpresas – porque por duas vezes o Conselho de Ministros deu esta indicação – o Chefe de Estado considerou que o esforço visando atrasar o pico da COVID-19 no país e reduzir a pressão sobre os hospitais, “apesar de imenso não foi suficiente”, porquanto assiste-se “uma tendência generalizada de agravamento” da doença. E alertou que depois das cidades de Pemba e Nampula, Maputo e Matola podem ser os próximos pontos a registar transmissão comunitária da enfermidade de que mundo mais fala desde Dezembro do ano passado.
“O cenário da COVID-193 em Moçambique é bastante preocupante” e os “últimos dias de Junho foram bastante marcantes” por causa do “registo recorde de casos” diagnosticados “maioritariamente em jovens e adultos”.
É que se a situação era menos alarmante aquando da primeira declaração do Estado de Emerência, em Março passado, “a partir de Abril começou a verificar-se uma tendência crescente de desleixo e desrespeito às medidas adoptadas”.
Aliás, nem os profissionais de saúde têm sido poupados pelo vírus que desde princípios de Junho tende a agravar-se no mundo. No país, segundo o Presidente da República, há 91 profissionais de saúde infectados, dos quais 22 já recuperados.
Filipe Nyusi não parou por ai, tendo afirmado que mesmo com o quadro negro a que se refere, “infelizmente, há ainda os que persistem em fazer-se à rua, em particular as crianças, sem motivos justiçável e plausível”.
Evitar a “mobilidade é uma condição essencial para vencer estar doença [a COVID-19]”, mas “esse cuidado está ainda longe de ser cumprido”, uma vez que há indivíduos que realizam festas e outros “convívios com número elevado de pessoas. Há os que desinformam e deturpam a informação” sobre o novo Coronavírus.
Os prevaricadores não esgotam aí. De acordo com o Chefe de Estado, mesmo com o país a ser empurrado, pouco a pouco, para uma catástrofe, há quem ainda pensa que a COVID-19 é atinge os outros.
Filipe Nyusi que que o Governo constata igualmente que há muito a fazer no que ao distanciamento social diz respeito nas paragens de transporte público, dentro de viaturas de transporte de passageiros, nos mercados e nas cerimónias fúnebres.
Pese embora o uso das mascaras e viseiras tenha sido desde cedo “um motivos para orgulho para Moçambique, esse uso é ainda muito insuficiente” e quase sempre “feito de forma inadequada”.
“Em muitos casos, o uso da máscara não resulta da consciência”, mas sim “do medo de ser surpreendido pelas autoridades” policiais e punido por isso, afirmou o Chede de Estado, salientando que “esta forma de desleixo não poder ser tolerada. Na realidade, o que estamos a assistir agora em Moçambique é uma tendência generalizada de agravamento da COVID-19 ”.
Hoje, não só temos mais pessoas contaminadas no país, como também os números aumentam de forma rápida. “Até a primeira semana de Junho duplicavam-se os casos a cada 12 dias”. Agora, Moçambique “está entre os 50 países do mundo com piores tempos de duplicação” de pacientes com a COVID-19.
Durante os últimos dias, o Governo diz ter registado outros fenómenos paralelos que aumentam a preocupação, nomeadamente a estigmatização de pessoas infectadas com Coronavírus, aumento da violência doméstica, sobretudo contra a mulher e criança. “Notamos que os corredores rodoviários, em particular o da Beira, estão a tornar-se focos de propagação da pandemia”.