O Presidente da República inaugurou, hoje, na cidade da Beira, o primeiro dos sete radares meteorológicos a serem instalados no país, com uma tecnologia de ponta, com o objectivo de reforçar, modernizar e alargar a informação sobre o tempo para redução de riscos, causados pelos efeitos das mudanças climáticas. O anterior radar foi destruído pelo ciclone Idai em Março de 2019.
“O radar permite igualmente fazer a monitoria das bacias hidrográficas dos rios Púnguè, Búzi e Zambeze, contribuindo, deste modo, para a melhoria do sistema de avisos prévios na região Centro do país. Este radar tem tecnologia de última geração, mas este facto não significa que ele impede a ocorrência dos fenómenos naturais. Ele comunica-os com maior precisão e em tempo real. Os radares permitirão monitorar a trajectória e intensidade de precipitação dos ventos e ciclones tropicais e outros fenómenos meteorológicos extremos”, disse o Presidente da República.
Nyusi afirmou ainda, durante a cerimónia, que o Governo está a adicionar recursos adicionais para a aquisição de mais dois radares.
“Há muito que reconstruir e construir. Na Beira, por exemplo, temos problemas de erosão que também é urgente resolver e vamos gradualmente fazer um pouco de tudo. Os dois radares em alusão deverão ser instalados até ao primeiro trimestre de 2024, nas cidades de Xai-Xai, no Sul, e Nacala, no Norte. A escolha destas cidades não foi aleatória, os técnicos identificaram estas áreas para garantir uma cobertura cabal de várias regiões do país, tendo em conta que cada radar tem capacidade para cobrir 400 quilómetros.”
Filipe Nyusi lembrou que a localização geográfica de Moçambique coloca o país numa situação de vulnerabilidade cíclica às alterações climáticas, com impactos devastadores, o que levou o Chefe de Estado a apelar para adaptação à nova realidade.
“Adaptação às mudanças climáticas significa o alinhamento de todos os processos que garantem a sobrevivência normal do ser humano ao tempo e clima, sendo por isso necessário preparar o Homem para que não seja apanhado de surpresa quer por mudanças de tempo quer por alterações climáticas ou outros eventos a eles associados. A cidade da Beira, por exemplo, é um caso de estudo, pois a população está bastante preparada para fazer frente aos ciclones e acho que as outras cidades poderiam vir aprender nesta urbe, como se proteger e evitar danos maiores perante um ciclone.”
Seguiu-se, depois, a felicitação aos funcionários do INAM. Nyusi aplaudiu o trabalho dos técnicos de Meteorologia pela informação que têm sido partilhada, porque é esta informação que permite a definição de políticas nacionais.
Nyusi apelou, depois, à manutenção preventiva dos equipamentos meteorológicos. “A instalação dos radares e das estações meteorológicas deve ser acompanhada de um treinamento do pessoal técnico do INAM. Ficarei muito decepcionado se, dentro de dois a três meses, este equipamento que estamos aqui inaugurar ficar danificado, por razões de negligência.”
O Presidente da República pediu, depois, que os técnicos do INAM encontrem formas para partilharem os avisos prévios simplificados e em tempo útil com linguagem simplificada, ao partilharem as informações meteorológicas.
“A população e instituições públicas e privadas precisam de receber informações relacionadas a cheias e ciclones com a necessária antecedência, para que possam tomar as necessárias medidas de prevenção. Desafiamos o INAM e as demais entidades intervenientes a aprimorarem o sistema de comunicação, decifrando as mensagens para que os destinatários entendam com clareza. Tenho escutado, nos órgãos de comunicação, palavras como céu nublado a pouco nublado, precipitações acima de 200 milímetros. São, sim, linguagens técnicas; arranjem termos para que o meu povo possa compreender.”
A instalação deste radar contou com o financiamento do Banco Africano e visa responder aos apelos das Nações Unidas, para que, até 2027, todo o cidadão tenha acesso a avisos prévios credíveis e em tempo útil em relação às mudanças climáticas ou do tempo.