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População de Moamba ameaça manifestar-se contra poluição ambiental

Foto: O País

A poeira proveniente de pedreiras e camiões que transportam inertes preocupa os residentes de Maocha, no distrito de Moamba, Província de Maputo.

O ar está evidentemente poluído. A poeira é tanta que se presume que esteja a causar problemas de saúde aos residentes de Maocha, no distrito de Moamba, Província de Maputo.

O verde das plantas já se perdeu e a vida está em perigo, segundo avançou Alberto Sidónio, um dos residentes daquela zona: “Daqui a cinco, dez ou quinze anos, vamos ter doenças cancerígenas, vamos ter tuberculose e não estaremos a lembrar que realmente é esta poeira”.

Quando os camiões passam pela referida zona, a poeira intensifica-se. Do alto, é possível ver a extensão da estrada feita com base em pedras misturada com pó de pedra. A ameaça à saúde e ao bem-estar inquieta os residentes. “Estamos preocupados e não sabemos quando é que terá fim. Há pessoas que abandonaram as suas casas aqui. Não está fácil aguentar esta poeira, a nossa saúde está em risco”, disse Joana Ubisse, cuja casa perdeu a cor por conta da poeira.

Vasco Marrengula é condutor de um dos camiões que transportam inertes. Ele sabe que, ao conduzir, o seu camião polui o ambiente e periga a saúde das comunidades.

“Acredito que há uma forma de sensibilizar os camionistas, havendo espaço. Há consciência da nossa parte de que provocamos poesia aqui. Quando verifico pelo meu espelho, vejo poeira.”

Os moradores tinham agendado para esta segunda-feira uma manifestação pacífica em repúdio à situação, mas foi adiada com a intervenção das autoridades policiais. E dizem que, dentro de 30 dias, se a situação não for resolvida, vão fazer manifestações e nenhum camião vai circular naquela estrada não classificada.

Esta situação ocorre há cerca de dois anos e resulta da abertura desta pedreira.

“Naquela área de Matsequenhe e Muhocha, operam várias pedreiras e areeiros, onde, de forma unânime, foi dito que todas as pedreiras atribuíram ao cidadão chinês a responsabilidade de colectar dinheiro e, por via desses valores, garantir a manutenção da via e também espalhar água todos dias para reduzir a poeira.”

Pelo menos durante o período em que a nossa reportagem esteve naquele local das 8h até 14 horas, não passou nenhum camião-cisterna a espalhar água para reduzir a poeira.

Em contacto telefónico, a administradora do distrito da Moamba, Teresa Mahuai, disse estar a par da situação e garantiu que, em 30 dias, haverá uma intervenção para trocar o material usado na composição desta estrada.

“No prazo de 30 dias, ia-se melhorar a via colocando um material melhor que, quando posto, nivelado e molhado, não tira poeira, fica compacto. Não é bem alcatrão, mas fica compacto, mesmo quando chove, elimina matope, e nós, como Governo, vamos continuar a monitorar porque é nosso interesse que os agentes económicos continuem a trabalhar, mas que a população esteja confortada”, reagiu Teresa Mahuai, administradora do distrito da Moamba.

Num dos principais pontos de acesso à estrada não classificada, foi montada uma cancela onde só se passa mediante o pagamento de 250 Meticais por cada viagem do camião que entra e sai usando aquela via.

O jornal O País não conseguiu ouvir o proprietário da pedreira e da cancela, porque, segundo os seus colaboradores, não estava na pedreira até à saída da nossa equipa de reportagem nesta segunda-feira.

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