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Obras do “Move Maputo” atrasadas há mais de seis meses 

O arranque das obras de estradas na Matola, no âmbito do projecto de mobilidade urbana no Grande Maputo, estão atrasadas há mais de seis meses. 

O litígio que envolve o empreiteiro que tinha sido seleccionado é uma das razões da demora. Quando o projecto estiver em funcionamento, até 2027, como se prevê, os transportadores que usam carros a combustível deverão sair de circulação, para dar espaço aos eléctricos.

Muito já se disse, falou-se e já se prometeu o bastante, como parte da solução para o drama de transporte de passageiros no Grande Maputo. Depois de quase tudo não ter tido pés para andar, há uma nova aposta, o projecto de mobilidade urbana conhecido como “Move”. Afonso Ronda, responsável pelas infra-estruturas,  explica a essência do projecto.

“O Projecto Move, é um projecto de mobilidade para a área metropolitana de Maputo em que se pretende melhorar várias facetas da mobilidade dos cidadãos dos vários municípios que se encontram na área metropolitana de Maputo”

E quando é que, efectivamente, começa a funcionar? “Em 2027 nós já teremos o serviço a funcionar em pleno, contudo, nós estamos a projectar uma implementação faseada do projecto por forma que podemos iniciar com a solução ou responder a aquilo que é a demanda do transporte público a partir do final deste ano”, respondeu o responsável.

O serviço principal acoplado neste projecto, que é o sistema de transporte rápido de autocarros BRT, vai funcionar com autocarros eléctricos, como explica Afonso Ronda. “Nós vamos implementar dentro do sistema BRT meios que não contribuem muito para a poluição, ou seja, emissão de gases de carbono, em que temos neste momento em estudo viaturas eléctricas, as que pretendemos que sejam usadas”, esclareceu.

Quando o BRT estiver a funcionar em pleno, as viaturas que transportam passageiros actualmente, os chamados mini-bus, assim como outros que poluem o ambiente, deverão sair de circulação, pelo menos nas rotas onde será instalado o projecto “Move”. E a nossa fonte explica as razões. “Obviamente que, para aquilo que é a solução de congestionamento do tráfego rodoviário e a densidade populacional, a tendência é apostar em veículos de maior capacidade de forma a minimizar impactos com o congestionamentos, assim como a emissão de gases de carbono que poluem o ambiente”.

E, a partir da avenida guerra popular, vai ser construído o corredor segregado, uma espécie de espinha dorsal do sistema BRT. O engenheiro responsável pela implementação das infra-estruturas explica a essência do BRT.

“O Corredor segregado vai ser localizado naquilo que neste momento são as faixas centrais existentes, incluindo também a parte do separador central. Se for ver, a Avenida Guerra popular, no troço entre a praça dos trabalhadores e a Avenida Eduardo Mondlane, tem um separador central e também a Avenida Acordos de Lusaka e as FPL todas elas têm um separador central. Então, parte deles, os separadores centrais vão ser convertidos em faixas de rodagem e que vão ser dedicadas aos autocarros de transporte rápido. Na Avenida Julius Nyerere, no troço que tem separador central, obviamnete que parte desse separador central vai ser usado para ser faixa central e onde ela termina, vamos proceder ao alargamento das vias de forma que ela possa proceder à construção do corredor segragado”

E como vai funcionar? 

“O Corredor segregado vai ter duas faixas de rodagem com sentidos contrarios, hade haver mobilidade sempre dos autocarros nessas faixas, podendo eles se cruzarem sem problema nenhum. As paragens ao longo da faixa segregada estarão também dentro da faixa segregada de forma a garantir segurança aos utentes de transporte publico. Essas faixas serão exclusivas para o transporte público”.

O projecto “Move” já está em implementação há um ano, cingindo-se, para já, nos aspectos regulatórios para conferir mais competências à Agência Metropolitana de Transporte de Maputo, que coordena o projecto.

Para Matola, serão construídas três estradas, nomeadamente a estrada que parte da primeira rotunda, em Intaka, até à esquadra de Boquisso, a estrada que parte da terceira rotunda ligando Matlemele -Mwamatibjana e a estrada que parte de Khongolote, na Matola, até à avenida de Moçambique,  na Cidade de Maputo.

Há já uma placa a anunciar as obras, que deverão aliviar o martírio que se vive actualmente devido ao nível de degradação da via, como avançaram alguns entrevistados pelo jornal O País. 

José Chirindza, Clara Mendes, Avelino Macucule e Gabriel Cossa disseram que estão na maior expectativa para verem as obras a serem concretizadas.

E há um empreiteiro que tinha sido  selecionado para avançar com as obras de construção de estradas na Matola, mas foi suspenso, por supostas irregularidades. Este facto está a contribuir para o atraso no início das obras, segundo Firmino Guambe, membro do Comité de Implementação do Projecto Move.

“Aquando do lançamento do concurso, tivemos empresas que concorreram e, já na fase final, que é a parte das adjudicações, tivemos reclamações e essas reclamações têm sido atendidas ao nível da coordenação central da implementação deste projecto. Mas ficamos a saber que os reclamantes foram a outras instituições de administração da justiça, como é o caso da Procuradoria da República, mas o que sabemos é que houve este processo de reclamação. Tivemos uma empresa vencedora, uma empresa chinesa, mas depois, tivemos outras empresas a reclamarem”, afirmou a fonte.

O projecto “Move” vai compreender também a construção de ciclovias e vai abranger os municípios de Maputo, Matola, Boane, Matola-Rio e Marracuene. 

São 250 milhões de dólares a serem investidos no projecto, desembolsados pelo Banco Mundial.

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