A PGR notificou o Município da Beira para esclarecer as circunstâncias em que foi construída uma ponte convencional que liga os bairros de Estoril e Macurungo, cujas obras contaram com fundos de um advogado e apoio da comunidade local, avaliadas em cerca de cinco milhões de Meticais.
O ofício da procuradoria, a que “O País” teve acesso, foi emitido a 18 de Julho, dois dias depois da inauguração da referida ponte, com cerca de cinco metros de comprimento e três de largura.
Este facto acontece seis meses depois de o mesmo ter acontecido aquando da passagem do ciclone Ana, pelo facto de a edilidade ter autorizado a retirada de areia no desaguadouro das palmeiras. Na altura, a procuradoria notificou, igualmente, a edilidade para esclarecer com que base autorizou os munícipes a retirarem areia da praia para reforçarem os tectos das suas residências.
“Em relação ao ofício atinente à ponte que liga Estoril e Macúti, temos a dizer que ficamos muito surpreendidos com a notificação, pois esta obra não foi da nossa autoria e está a beneficiar todos os beirenses e, de forma particular, as pessoas que residem nos dois bairros. Explicamos à procuradoria que, em nenhum momento, os fundos usados para a obra passaram pelas contas da edilidade. Nós apenas orientamos aos técnicos como a ponte deveria ser construída e fiscalizamos a mesma. Agora, resta à procuradoria tirar as suas conclusões”, explicou Augusto Manhoca, vereador para a Área de Urbanização do Município da Beira.
De acordo com os dados, a ponte em referência foi construída por iniciativa dos moradores dos bairros Estoril e Macurungo e com fundos de um morador local, o advogado Ivan Pontavida, no âmbito de uma responsabilidade social. Sem a referida infra-estrutura, os munícipes eram obrigados a percorrer cerca de sete quilómetros para ligar as duas zonas, pois a ponte pedonal, que existe até hoje, não oferece segurança.
“Estamos muito felizes com esta nova ponte, pois poupamos tempo e combustível para chegar aos nossos locais de trabalho e vice-versa. É uma iniciativa digna de ser louvada”, afirmou Abiba Abdul, moradora do bairro Macurungo.
A história da ponte começou em Setembro de 2020 quando os moradores dos dois bairros solicitaram à edilidade, na altura liderada por Daviz Simango, a compra de diverso material para a construção da infra-estrutura, mas o Município não tinha fundos para aquisição. Em Janeiro deste ano, os moradores, através de um outro documento, e depois de mobilizarem o material para a construção da ponte, com grande contribuição do advogado Ivan Pontavida, pediram autorização para a construção e, quando tiveram autorização, as obras arrancaram em Maio, sob supervisão do Município e a ponte foi entregue aos moradores no passado dia 16 deste mês.
Contudo, esta ponte, de acordo com a edilidade, poderá ser destruída dentro de dois anos, quando se iniciarem as obras da segunda fase da reabilitação das valas de drenagem da cidade da Beira, que incluirá a área onde a infra-estrutura está localizada.