O País – A verdade como notícia

Chapo preocupado com mortes decorrentes dos acidentes de viação

O Presidente da República, Daniel Chapo, diz estar preocupado com o aumento de mortes decorrentes de acidentes de viação, nas estradas nacionais. Para Daniel Chapo esta é também uma forma da violação dos direitos humanos, em que os automobilistas violam a lei perante o olhar impávido das autoridades. Na sua

O Presidente da República, Daniel Chapo, inicia uma visita de trabalho de três dias à República Italiana, inserida no quadro do reforço das relações de amizade e cooperação entre os dois países, com destaque para a dinamização da cooperação económica e o aprofundamento da parceria em áreas de interesse comum.

Durante a visita, o Chefe do Estado moçambicano manterá um encontro privado com o Presidente italiano, Sergio Mattarella, ocasião em que os dois estadistas irão passar em revista o estado das relações bilaterais e perspectivar novos domínios de cooperação.

Os Presidentes Chapo e Mattarella irão, igualmente, chefiar as conversações oficiais entre as delegações governamentais de Moçambique e Itália, centradas no reforço da cooperação política, económica, comercial, cultural e no investimento.

A agenda inclui ainda um encontro de trabalho com a Primeira-Ministra italiana, Giorgia Meloni, que permitirá aprofundar o diálogo político e explorar novas áreas de convergência estratégica.

Ainda no quadro da sua agenda, o Presidente da República irá manter encontros bilaterais com entidades empresariais italianas, visando promover oportunidades de investimento em Moçambique.

O Chefe do Estado visitará a Comunidade Sant’Egídio, instituição parceira de longa data de Moçambique nas áreas social, humanitária e de promoção da paz, para avaliar projectos em curso e identificar novas áreas de colaboração.

Está igualmente previsto que o Presidente Daniel Francisco Chapo participe num “café de negócios” com empresários italianos, encontro orientado para a troca de experiências, apresentação de oportunidades no mercado moçambicano e fortalecimento do ambiente de negócios bilateral.

Durante a visita, serão assinados instrumentos jurídicos de cooperação, com vista a reforçar o quadro legal que sustenta as relações entre os dois países e facilitar a implementação de projectos conjuntos.

O Presidente da República irá igualmente reunir-se com a comunidade moçambicana residente na Itália, para auscultar as suas preocupações, encorajar a sua participação no desenvolvimento nacional e reforçar os laços entre a diáspora e o País.

 

O Governo está na Assembleia da República,  nesta quarta-feira, para prestar informações aos Deputados, a volta de assuntos como terrorismo, combate ao crime, desafios na saúde e educação e prevenção de acidentes. No seu discurso, a Primeira-ministra, Benvinda Levi apelou a sociedade a estar vigilante e denunciar actos criminais. 

Questionada sobre a razão da permanência das tropas Ruandesas no teatro operacional norte,  a primeira-ministra diz que nenhum país é capaz de combater este tipo de agressão sozinho. Por isso, o Governo agradece o apoio das forças amigas e compromete-se a continuar com a capacitação e apetrechamento das forças. 

Benvinda Levi falou ainda da prevalência de crimes como raptos, assalto a mão armada, apelando a sociedade a estar vigilante e a denunciar actos criminais. Contudo, assegura o contínuo reforço das unidades policiais para investigar, prender e punir os criminosos. 

Levi condenou ainda o incumprimento das regras de trânsito,  que levam a acidentes graves, apelando às autoridades a ter mão dura contra os infractores, e maior atenção na circulação de transporte de passageiros fora do horário pré-estabelecido para circulação (das 5h às 21).

O jurista e antigo governante Teodato Hunguana aponta como uma das falhas da Constituição da República a ausência de uma ruptura clara na concentração de poderes na figura do Presidente da República. Por sua vez, o académico e também jurista Teodoro Waty defende a criação de uma assembleia constituinte responsável pelo estudo e melhoria profunda da lei-mãe.

A Comissão Técnica do Diálogo Nacional Inclusivo continua a auscultar especialistas sobre várias matérias e, esta terça-feira, recolheu contributos de Teodato Hunguana e Teodoro Waty no âmbito da revisão constitucional.

Teodato Hunguana, especialista em Direito, antigo governante e interveniente nas revisões constitucionais de 1990 e 2004, considera que uma das principais lacunas das primeiras redacções da Constituição foi a falta de uma ruptura efectiva na concentração dos poderes do Chefe de Estado.

“Esta é uma questão absolutamente pertinente, porquanto um dos princípios que devem orientar um processo de revisão constitucional é o de capitalizar os aspectos positivos da revisão anterior, tomando-os como dados adquiridos para os manter ou reforçar, e a partir daí avançar. O que não é expectável, e ainda menos aceitável, é fazer o contrário, isto é, eliminar esses aspectos positivos ou reduzir o seu impacto. Porém, foi isso que aconteceu em 1990, no que designamos como um passo atrás e dois à frente. Um passo atrás ao reconcentrar a chefia do Governo no Presidente da República, para depois avançar para a separação de poderes”, explicou.

Hunguana defende ainda que a revisão constitucional deve ser encarada como um processo contínuo e criticou o facto de o relatório produzido pela Comissão de Revisão Constitucional de Moçambique (CREMOD) não ter sido tornado público.

“Gostaríamos de ter acesso às conclusões do trabalho da CREMOD, pois trata-se de património do nosso conhecimento. Que eu saiba, essas conclusões não foram publicadas nem tornadas públicas. Não sei se estão guardadas em gavetas, mas deveriam contribuir para o esforço já realizado, que custou tempo, dinheiro e envolveu académicos e profissionais. Esse trabalho deve ser valorizado, pelo menos conhecido, para que possamos retirar dele os elementos úteis”, lamentou.

Por seu turno, Teodoro Waty apresentou várias propostas de reforma constitucional, destacando a necessidade da criação de uma assembleia constituinte com poderes originários.

“Esta Assembleia Constituinte teria um poder originário e seria convocada para um propósito único e específico, diferente da Assembleia da República enquanto órgão legislativo ordinário, com a missão exclusiva de elaborar, discutir e aprovar uma nova Constituição ou proceder a uma reformulação profunda da existente, estabelecendo as regras fundamentais da organização do Estado e do seu ordenamento jurídico”, explicou.

No seu entender, muitas das revisões constitucionais em Moçambique resultaram de conflitos e divergências eleitorais, razão pela qual considera fundamental começar pela reforma do sistema eleitoral.

“É necessário reflectir sobre como um sistema eleitoral bem organizado pode produzir resultados diferentes, nomeadamente a ausência de contendas eleitorais, fruto da convicção enraizada em muitos actores políticos de que o processo eleitoral deixa de ser um jogo de resultado pré-determinado, onde o árbitro acaba por ser também o marcador de penaltis e o guarda-redes”, acrescentou.

No prosseguimento do debate, foram apresentadas várias sugestões em defesa de uma revisão constitucional inclusiva. 

João Massango, presidente do Partido Ecologista, defendeu que a eventual criação de uma Assembleia Constituinte em Moçambique deve ser amplamente inclusiva e não limitada apenas aos partidos com assento parlamentar. Segundo o político, a experiência internacional demonstra que uma verdadeira Assembleia Constituinte deve ser escolhida pelo povo e integrar representantes de todos os estratos sociais, incluindo partidos extraparlamentares, sociedade civil e grupos críticos, sob pena de gerar novo descontentamento social.

Massango alertou que muitos dos problemas actuais do país têm origem nos conflitos eleitorais recorrentes desde as primeiras eleições multipartidárias. Para o dirigente partidário, a reforma profunda do sistema eleitoral deve ser uma prioridade no Diálogo Nacional Inclusivo, de modo a garantir credibilidade nos próximos pleitos e evitar novas crises políticas e sociais.

O líder ecologista acrescentou que, para além das questões político-eleitorais, o país enfrenta sérios desafios económicos, sobretudo no que respeita à inclusão da juventude. Defendeu a necessidade de um debate sério sobre um modelo económico inclusivo que permita criar oportunidades e reduzir a marginalização social, apontada como uma das principais causas das manifestações juvenis.

Por sua vez, Dinis Tivane, porta-voz do ANAMOLA, centrou a sua intervenção na crítica ao modelo constitucional vigente, considerando que Moçambique manteve, em essência, a estrutura da Constituição de 1975, particularmente no que diz respeito à concentração de poderes no Presidente da República. Para Tivane, essa concentração compromete a eficiência do Estado e está na base de várias crises institucionais vividas no país.

O dirigente defendeu a necessidade de um Parlamento mais forte e representativo, inspirado em modelos internacionais que privilegiam o equilíbrio de poderes e a justiça social. Tivane sublinhou ainda a importância do reforço do poder local e da descentralização efectiva, sustentando que o desenvolvimento e a estabilidade do país dependem de um Estado onde o poder emana verdadeiramente do povo e responde às realidades locais.

A Comissão Técnica do Diálogo Nacional Inclusivo continua a recolher ideias e contributos com vista a uma reforma profunda do Estado.

Rui Banguira 

Representante da Família

Realmente confirmo que perdemos o nosso pai, um cidadão exemplar, o Senhor Feliciano Salomão Gundana. Perdeu a vida na madrugada de hoje, depois de longos anos a lutar contra uma doença crónica. Como família a perda é muita grande. Na família como na sociedade Moçambicana em geral, foi exemplo de disciplina integridade e justiça, e o principal legado que deixa é de sermos íntegros, ele sempre realçou isto: sermos íntegros, justos.

Carlos Siliya

SG da ACLLIN

Ele sempre foi íntegro, e mesmo depois da independência esteve sempre firme na construção da nação moçambicana. Estamos firmes que os seus feitos serão levados avante no sentido de ensinar a nova geração para, com firmeza, trabalhar para independência económica que todos nós desejamos, e que Moçambique continue a ser um país forte e reconhecido no mundo

Pedro Guiliche

Porta-voz da FRELIMO

A sua morte deve representar, uma vez mais,  o rebuscar do seu legado de integridade, de patriotismo, amor à pátria, coesão social entre os moçambicanos e acima de tudo a ideia de promoção da justiça social pois são esses valores que o camarada Gundana nos deixa. Temos que pegar no seu legado e transforma em objeto de trabalho e paisagem de educação cívica à juventude

Teodoro Waty

Antigo Combatente

Recordei-me daquela pessoa serena, aquela pessoa que, apesar de nós todos sabermos que foi um dos fundadores da Frelimo, considerava-se, como qualquer um de nós, um membro simples, escutador afável e, principalmente, capaz de transmitir mensagens sem muitos alaridos, dizendo que, olha, no ano tal foi assim, provavelmente as coisas mudem, devam mudar.

Teodato Hunguana

Antigo Combatente

Ele teve um papel muito importante desde o princípio de tudo.  Creio que ele é daquele grupo que vem do UDENAMO. Mas é do grupo fundador da Frelimo. Esteve nesses processos todos, desde esses tempos remotos, e atravessou-os todos até à atualidade e estava ainda, digamos, de certo modo, no activo.

Óscar Monteiro

Antigo Combatente

Um fundador da Frelimo, um patriota e uma pessoa sempre determinada e dedicada, mas, ao mesmo tempo, uma pessoa modesta. Nunca pediu favores, nem se prevaleceu da sua qualidade de fundador da Frelimo para beneficiar disso. Eu acho que a sua descrição, a sua simplicidade, são um exemplo.  E, neste momento da sua partida, é essa lição que nós devemos reter.

O Presidente da República, Daniel Chapo, recebeu a chave da Cidade do Porto, esta terça-feira, durante o segundo dia de visita ao país europeu. O gesto, que simboliza o reconhecimento das relações entre Portugal e Moçambique, visa reforçar a cooperação das duas nações. 

“Considerando o património cultural, linguístico e afectivo que partilhamos (…) considerando todo o potencial de desenvolvimento conjunto dos dois países, considerando o apreço e respeito institucional do Município do Porto pelo Estado Moçambicano, considerando tudo isto, aproveito esta cerimónia para atribuir   a chave da cidade do porto a sua Excelência o Presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo”, disse Pedro Duarte, Presidente do Município do Porto, durante a atribuição da chave da cidade a Daniel Chapo. 

O Chefe do Estado Moçambicano agradeceu o gesto, e considerou o acto como reforço aos laços de amizade entre os dois países.

“É neste quadro que olhamos para o porto como uma cidade que, extraordinariamente,  tem sido uma grande referência histórica e cultural”, concluiu. 

O Presidente da República, Daniel Chapo, manifesta o “mais profundo pesar” pela morte de Feliciano Salomão Gundana, combatente da Luta  de Libertação Nacional e um dos fundadores da Frelimo, ocorrida na madrugada  desta terça-feira, vítima de doença. 

Na sua mensagem, o Chefe do Estado exalta a grandeza e  nobreza de carácter de Feliciano Gundana, que o considera  “homem de coragem, de silêncio disciplinado e de convicções 

firmes, cuja jornada começou na génese da luta de libertação, e  se prolongou por toda a construção da nação moçambicana”. 

O Presidente da República lembra que Feliciano Gundana  ajudou a moldar os destinos da pátria não apenas na frente  libertária, mas também na arquitectura do Estado soberano que  emergiu em 1975, assumindo funções de Chefe dos Serviços de  Inteligência Militar, e liderando, “com sentido patriótico, as  Províncias de Inhambane, Nampula e Zambézia nos anos  desafiantes da consolidação nacional”. 

Na vida política, refere a mensagem presidencial, Gundana  elevou-se ao mais alto patamar da confiança partidária,  desempenhando as funções de Secretário-Geral da FRELIMO,  “num tempo em que o destino de Moçambique exigia dirigentes  de rigor, coerência e espírito de serviço”. 

Em reconhecimento pela sua “extraordinária dedicação e  exemplo de patriotismo”, o Estado moçambicano atribuiu-lhe,  em vida, o título de Herói da República de Moçambique, honra  reservada aos que entregaram a própria vida ao sonho da  liberdade colectiva. 

A Nação testemunhou igualmente, em 2024, a sua consagração  académica como Doutor Honoris Causa, em “Liberdade,  Democracia e Desenvolvimento Humano”, pela Universidade  Zambeze, acto que sublinhou a dimensão histórica e humana do  seu contributo para a paz, para a democracia e para o  desenvolvimento humano.

O Presidente da República sublinha que Moçambique curva-se  perante a memória de um dos seus filhos mais nobres, “um  patriota que atravessou todos os capítulos da nossa História,  desde a luta armada até à edificação do Estado moderno,  carregando consigo a chama da liberdade que hoje ilumina as  gerações”. 

“Hoje, Moçambique despede-se de uma consciência moral da  Pátria, de um homem cuja vida foi uma lição de serviço público,  uma escola de integridade e uma bênção de esperança para  todos nós. Os que hoje caminham em paz nesta terra devem a  sua tranquilidade a homens como Feliciano Gundana. O seu  legado não desaparecerá: ficará gravado na memória da  Nação, como luz que orienta e inspira o futuro”, afirma o Chefe  do Estado. 

Aos familiares, amigos, companheiros de luta e a todos quantos  foram tocados pela sua dedicação, o Presidente da República  endereça as mais sentidas condolências, em nome de todo o  Povo e do Governo moçambicanos, bem como em seu próprio,  “solidarizando-se neste momento de dor, mas também de  gratidão eterna”.

A Assembleia da República aprovou, esta segunda-feira, na generalidade, a proposta de lei que estabelece o regime jurídico do Sistema Nacional de Saúde. A iniciativa, apresentada pelo Ministro da Saúde, Ussene Hilário Isse, pretende modernizar o sector, harmonizar as políticas nacionais de saúde  nomeadamente as de políticas 77 e 91  e responder às necessidades actuais do contexto sanitário moçambicano.

Segundo o Ministro da Saúde, a proposta visa proteger a saúde dos moçambicanos, assegurando custos mínimos e uma gestão mais eficiente dos recursos. “O nosso objectivo é proteger a saúde dos moçambicanos, mantendo os custos o mais baixos possível e garantindo um sistema mais forte e mais organizado”, afirmou.

A proposta de lei introduz um modelo integrado que passa a unir as intervenções dos sectores público, privado e comunitário, reforçando o papel do Ministério da Saúde como entidade reguladora e fiscalizadora. “Com esta lei, vamos unificar a política nacional de saúde. O Ministério passa a assumir com maior clareza o papel de fiscalizador, enquanto o Serviço Nacional de Saúde será o principal executor das políticas definidas”, explicou Ussene Hilário Isse.

O governante acrescentou que o Executivo pretende fortalecer a articulação entre prestadores públicos e privados, permitindo a troca de doentes entre unidades sanitárias — um mecanismo que, segundo disse, reduzirá custos e evitará que muitos pacientes sejam enviados ao estrangeiro. “O país gasta muitos recursos na transferência de doentes. Esta lei vai dar mais robustez ao sistema e permitir que mais moçambicanos sejam tratados dentro do país”, sublinhou.

A proposta inclui ainda novos mecanismos de protecção social na saúde, definindo de forma clara os serviços mínimos a garantir em situações de greve ou crise.

Reconhecendo que cerca de 65% da população vive em zonas rurais, o Ministro destacou o reforço da medicina tradicional e alternativa como componente complementar do Sistema Nacional de Saúde. “A medicina tradicional será integrada de forma mais sólida, porque continua a ser uma resposta fundamental em muitas zonas rurais”, referiu.

O diploma irá igualmente reorganizar a intervenção das organizações não-governamentais, evitando duplicações e garantindo maior impacto nas comunidades. “Hoje, muitas ONG trabalham nas mesmas áreas e províncias. A nova lei vai permitir uma coordenação mais eficiente e um melhor aproveitamento dos recursos”, destacou.

Durante a apresentação, Ussene Hilário Isse alertou para o agravamento dos problemas de saúde pública relacionados com o álcool e o excesso de peso. Dados oficiais indicam que, em 2007, pouco mais de 30% dos moçambicanos não consumiam álcool, mas, em 2024, apenas 11% se mantêm abstinentes. “O consumo de álcool está a aumentar e o excesso de peso já constitui um risco sério para a saúde pública. Precisamos de uma lei que responda a estes fenómenos emergentes”, afirmou.

O Ministro classificou igualmente a doação e o transplante de órgãos como um “problema de saúde pública”, defendendo a necessidade de o país avançar para soluções internas, sobretudo no domínio do transplante renal. “O transplante renal pode ser uma saída importante para muitos moçambicanos. A lei pretende mudar o actual cenário e os deputados devem olhar para este assunto com máxima atenção”, apelou.

Outra novidade introduzida é o estabelecimento de um seguro de saúde, que criará bases legais para novos mecanismos de financiamento e aliviará a pressão sobre o sistema público. A proposta apresentada pelo Governo é composta por 63 artigos distribuídos por nove capítulos e foi, segundo o Ministro, “totalmente harmonizada” para garantir coerência com os instrumentos internacionais e com a realidade nacional.

A proposta de lei que estabelece o regime jurídico do Sistema Nacional de Saúde foi aprovada por consenso pelas quatro bancadas parlamentares, embora a oposição tenha apresentado várias recomendações e alertado para a necessidade de aperfeiçoamento de algumas alíneas.

A deputada Judite Sitoe, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), afirmou que, apesar de a sua bancada considerar a proposta “fundamental”, o documento ainda carece de melhorias importantes. “A proposta carece de melhorias e não traz de forma clara as linhas proibitivas. Esta ausência pode abrir espaço para a prática de crimes”, alertou. A deputada acrescentou ainda que “não é por falta de lei que o país está a registar escassez de medicamentos nos hospitais; é urgente a intervenção do Governo”.

A RENAMO, que também viabilizou o instrumento legal, apontou problemas estruturais no sector da saúde que, no seu entender, deveriam ser considerados na revisão da proposta. “A lei é boa, mas precisa de ser revista, começando pela regularização dos salários e das horas extraordinárias atrasadas dos profissionais de saúde. É preciso apetrechar as instituições sanitárias; não se explica que até agora não tenhamos blocos operatórios em alguns distritos”, afirmou o deputado Saimone Macuane.

Já a bancada do PODEMOS apelou à responsabilidade do Executivo na implementação da futura lei, reforçando a necessidade de garantir que os moçambicanos sejam os principais beneficiários. “Esperamos que a lei venha beneficiar os moçambicanos e que contribua para a melhoria do Sistema Nacional de Saúde”, declarou o deputado João José.

O Presidente da República, Daniel  Chapo, reuniu-se hoje, na cidade do Porto, com a  comunidade moçambicana residente em Portugal, num encontro  marcado pelo apelo ao reforço das ligações entre a diáspora e o  país, pela partilha da situação política e económica nacional e pela  valorização do papel da comunidade no processo de diálogo  inclusivo que Moçambique está a conduzir. 

Durante a sessão, enquadrada na visita de trabalho que efectua a  Portugal para participar na VI Cimeira Bilateral Portugal–Moçambique,  o Chefe do Estado explicou o contexto da sua deslocação, sublinhando a importância do reforço das relações de amizade,  cooperação, irmandade e familiaridade entre os dois países. O  Presidente da República agradeceu a participação activa da diáspora nos  processos sociais, económicos e políticos que ligam Moçambique a  Portugal. 

Ademais, manifestou satisfação por estar junto dos compatriotas  residentes no país europeu, afirmando tratar-se de uma oportunidade  essencial de contacto directo e diálogo. Partilhou informações sobre a  situação política, económica e social do país, destacando o Diálogo  Nacional Inclusivo em curso, cuja finalidade é consolidar a paz e a  estabilidade com a participação de todos os estratos sociais, sem  discriminação de qualquer natureza. 

Ao reforçar a natureza ampla deste processo, o governante afirmou  que “neste momento, este diálogo está a acontecer, não só ao nível  do país, mas também na diáspora, e nós achamos que todos nós  precisamos de participar”. Por isso, apelou à comunidade  moçambicana em Portugal para contribuir com ideias e propostas  que enriqueçam as discussões nacionais. 

O Chefe do Estado apresentou igualmente a visão do Governo para o  actual ciclo, assente no lançamento dos alicerces da independência  económica, destacando que Moçambique dispõe de condições  favoráveis em áreas como turismo, transportes, logística, corredores de  desenvolvimento, recursos minerais, agricultura, energia e indústria.  “Precisamos todos estar unidos e trabalhar para que esta  diversificação da nossa economia possa acontecer”, afirmou. 

O estadista saudou o contributo contínuo da comunidade  moçambicana para a boa imagem do país em Portugal, reconhecendo que representam de forma exemplar a diáspora nos  mais diversos planos, incluindo o cultural. 

Sublinhou que Moçambique tem beneficiado das contribuições vindas  dos seus cidadãos no exterior, em particular de Portugal. “Vamos  continuar a trabalhar juntos para encontrar soluções às preocupações  que aqui foram apresentadas, que são todas legítimas, registámos e  vamos continuar a trabalhar para melhorar”, garantiu. 

O Presidente da República anunciou ainda medidas concretas para  responder a algumas das preocupações levantadas, assegurando  que equipas móveis serão enviadas a Portugal para facilitar o  tratamento de documentos, e que o Governo está a mobilizar recursos  para que estas brigadas permaneçam por mais tempo no país e  noutros destinos com forte presença da diáspora. 

Outrossim, informou também sobre as reformas em curso na Linhas  Aéreas de Moçambique (LAM), anunciando a intenção de retomar  voos de Moçambique para Portugal, bem como para o Brasil e a  Índia. “Já está na manga a retoma dos voos para Portugal”, disse,  defendendo que essa retoma contribuirá para estabilizar os preços  das passagens. 

Em nome da comunidade, os representantes consideraram a visita do  Presidente Chapo “uma honra”, sublinhando que há muitos anos um  Chefe do Estado moçambicano não visitava a cidade do Porto, facto  que descrevem como um “abraço do país”. 

Recordaram que a diáspora é composta por cerca de 13.700  moçambicanos entre estudantes, profissionais, empreendedores,  atletas e famílias. Reconheceram desafios relacionados com 

adaptação cultural, acesso a oportunidades e burocracia, mas  afirmaram enfrentá-los com coragem, acrescentando que aspiram a  contribuir activamente para as soluções do país. 

A comunidade pediu mais bolsas de estudo, maior atenção dos  ministérios às dinâmicas da diáspora, a criação de um espaço físico  para actividades culturais e reafirmou a disponibilidade para reforçar  o desenvolvimento de Moçambique. 

Moçambique e Portugal deverão assinar 21 acordos no âmbito da visita de trabalho que o Chefe do Estado efectua àquele país europeu. O destaque vai para Infra-estruturas, Transformação digital, Agricultura, Educação, Saúde e Energia. Daniel Chapo chegou a Portugal na noite deste domingo.

É a segunda vez que Daniel Chapo aterra em Portugal na qualidade de Chefe do Estado moçambicano. E foi recebido pelo chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Rangel, que é ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros deste país europeu.

Depois de uma troca de impressões, Daniel Chapo seguiu para o hotel onde a delegação moçambicana o aguardava para uma saudação e repouso, até porque as actividades desta visita de trabalho iniciariam logo no fim da manhã de hoje.

O principal objectivo da visita é aprofundar a cooperação, o que deverá se efectivar com acordos específicos sobre Infra-estruturas, Transformação digital, educação, saúde, agricultura e energia. E é mesmo aprofundamento, até porque já existem alguns acordos em vigor nestas áreas.

Por exemplo, Portugal e Moçambique têm um acordo fechado na Educação, no âmbito do Fundo de Apoio a este sector, que vigora entre 2022-2026.

Entretanto, além do reforço da cooperação, nesta visita Moçambique quer agradecer a Portugal pelo seu apoio. O combate ao terrorismo é uma das áreas em que o país dirigido por Marcelo Rebelo de Sousa tem apoiado Moçambique.

Além da ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, nesta visita acompanham o Chefe do Estado moçambicano o ministro da Economia, o ministro dos Transportes e Logística, os secretários de Estado do Tesouro e Orçamento, das Minas, entre outros governantes.

+ LIDAS

Siga nos