O Presidente da República visitou e inaugurou, hoje, a plataforma flutuante FLNG Coral-Sul, localizada nas águas ultra-profundas da Bacia do Rovuma. Após o corte da fita e o descerramento da lápide, Filipe Nyusi percorreu a plataforma e interagiu com parte dos 80 jovens engenheiros moçambicanos que garantem as operações. Aliás em cada um dos sectores de produção do gás natural, a explicação do que se faz era feita por jovens moçambicanos. Aliás, na ocasião, a jovem engenheira moçambicana que abriu o primeiro poço de extracção do gás natural explicou ao Chefe de Estado que o gás moçambicano é de muita qualidade e tem uma excelente pressão, o que faz com que a extracção e processamento sejam feitos em tempo recorde.
No sector de bombagem do gás liquefeito para os navios, Gilberto Semente, engenheiro de Processos, e moçambicano, explicou à comitiva presidencial, após uma pergunta de Filipe Nyusi, que, na plataforma, não se sente a turbulência causada pelas ondas do mar quando ela estiver carregada de gás e que tal só ocorria antes de se iniciar a extracção. Mas, actualmente, há sempre gás a bordo porque mesmo a transferência para os navios é feita simultaneamente com a extracção e processamento.
Filipe Nyusi, que acompanhou em tempo real e desatracação do primeiro navio que carregou o GNL, quis saber por que, a dado momento, a acção foi interrompida, pelo que o jovem engenheiro Semente esclareceu que uma das quatro saídas de gás teve algum problema e tiveram que interromper todo o processo para avaliar a origem da avaria, o que em pouco tempo foi reposto.
Ainda a bordo da plataforma, Filipe Nyusi reuniu-se com parte dos 80 jovens e dois tiveram oportunidade de discursar. Primeiro foi Elisabete Cambaco, natural de Cabo Delgado. Ela é engenheira ambiental e esclareceu que o seu papel é garantir que as operações da ENI decorram obedecendo aos mais altos padrões ambientais previstos na legislação moçambicana e exigidos internacionalmente.
E o segundo foi Manuel Chiguelo, de 26 anos de idade, engenheiro químico formado pela Universidade Eduardo Mondlane e natural de Chimoio, capital de Manica. Manuel trabalha num departamento em que todos os outros membros são moçambicanos e têm a responsabilidade de garantir que, em toda a cadeia de produção do gnl, as operações decorram obedecendo às regras de higiene e segurança no trabalho. Os jovens engenheiros moçambicanos pediram ao Chefe de Estado que o Governo crie condições para que muitos mais jovens tenham a oportunidade de aprender e serem empregados nos projectos de exploração de gás.
Filipe Nyusi, que se mostrou satisfeito pelo domínio das operações nas áreas em que se encontram afectos os jovens moçambicanos e que têm a oportunidade de interagir com outros provenientes de 30 países, pediu-lhes que sejam humildes e sempre abertos a aprender com os outros colegas e que, nas horas vagas, façam o esforço de transmitir a sua experiência a outros jovens.
Depois da visita, o Presidente da República regressou a Pemba onde estavam à sua espera diversas personalidades para discursos oficiais e um almoço oferecido pela ENI. Na ocasião, Nyusi e os representantes da ENI abordaram a possibilidade de se replicar o sucesso do projecto Coral-Sul através de futuros desenvolvimentos de instalações de GNL, bem como outros projectos onshore.
Eles abordaram também o ponto de situação das iniciativas da ENI rumo à neutralidade de carbono, incluindo o projecto de produção de matéria para a indústria de bio-refinação, no âmbito do acordo entre a ENI e o Governo de Moçambique. Este projecto visa produzir óleo para biocombustíveis a partir de sementes, desperdícios e resíduos, utilizando terras que não concorram para agricultura e produção de culturas alimentares.
O evento acontece logo depois da exportação da primeira carga de Gás Natural Liquefeito, ocorrida no dia 13 de Novembro, a primeira FLNG em águas ultra-profundas no mundo e o primeiro produtor de GNL em Moçambique. O Coral-Sul, um projecto de referência para a indústria do gás, está a projectar Moçambique no palco global do GNL, abrindo caminho para uma mudança transformacional do país, através do desenvolvimento dos recursos de gás, um importante contributo para a segurança e diversificação dos abastecimentos da Europa e uma das soluções mais eficazes para garantir uma transição energética justa. Este é o resultado de uma excelente colaboração entre a ENI, os parceiros, o povo e o Governo de Moçambique.
A ENI está presente em Moçambique desde 2006. É operadora delegada do projecto Coral-Sul em nome dos parceiros da Área 4. A empresa descobriu recursos massivos de gás natural na Área 4 da Bacia do Rovuma, nomeadamente nos reservatórios de Coral, Complexo Mamba e Aqulha, com reservas estimadas em 2400 mil milhões de metros cúbicos de gás.
O projecto FNLG é operado pela ENI, mas conta com a participação accionista da Exxon Mobile dos Estados Unidos da América, ENH de Moçambique, Galp de Portugal, Kogas da Coreia do Sul e CNPC da China, para além da própria ENI, empresa italiana, na condição do operador delegado. O projecto resulta de um investimento de sete mil milhões de dólares e poderá render, só em 2022, 34,5 milhões de dólares em impostos para Moçambique, valor este que poderá subir para 1,2 mil milhões em 2023 e para mais de 19 mil milhões durante os 25 anos de operações.