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Pessoal de saúde diz que vacina contra COVID-19 vai reduzir pressão psicológica  

Os profissionais de saúde consideram que a chegada da vacina contra o novo Coronavírus renova a esperança de dias melhores para a classe. Entretanto, há quem diz que não irá receber a vacina sem ter toda informação sobre os efeitos e eficácia da mesma.

Augusto Chavana é agente de serviço há 35 anos. Ao “O País” revelou ter medo, pois está a viver algo que nunca tinha visto “mesmo na altura em que o SIDA matava muita gente”.

Desde que a pandemia começou, o entrevistado viu muitos colegas a lutarem pela vida e, por isso garante: “Eu irei receber a vacina, tenho medo desta doença [COVID-19]. Já sou uma pessoa com uma idade de risco. A minha esposa tem trombose e tem dificuldades de locomoção. Não sei se eu iria aguentar com esta doença”, reagiu o profissional quando questionado sobre a chegada do primeiro lote de 200 mil doses de vacinas ao país.

Há muitos profissionais que alinham nesse pensamento e acreditam que com a chegada das vacinas, abre-se uma nova etapa para a redução de infecções e mortes entre os profissionais de saúde.

“Recebemos a informação com satisfação. Este facto vem tirar a pressão psicológica que nós, como pessoal de saúde, estamos a sofrer com esta pandemia”, disse Tânia Artur, médica no Hospital 1˚ de Maio, localizado na periferia da cidade de Maputo.

A opinião é secundada por José Victorino, director dos Serviços Distritais de Saúde de KaMaxaquene.

“É o renascer de uma esperança, tendo em conta que vários colegas foram infectados e outros culminaram em óbitos. A chegada destas doses pode significar o início de um novo rumo”, explicou.

Um rumo que muitos profissionais querem alinhar, mas que há outros que ainda têm muitas dúvidas.

“Temos ouvido muita coisa sobre as vacinas. Muitos colegas têm medo de receber a vacina, porque na África do Sul, fala-se que houve pacientes que foram evacuados para as urgências devido aos efeitos negativos da vacina que aquele país adquiriu. Sendo nós um grupo prioritário, já imaginou algo dar errado?”, questionou a enfermeira Lefama Chiboze, para depois avançar que sem mais informação não irá receber a vacina.

“Se a vacina viesse hoje não estaria preparada para receber. Preciso ter mais informações, as vantagens e desvantagens. Tenho que saber sobre os efeitos colaterais e tudo sobre a vacina”, disse a profissional.

Entretanto, a médica Tânia Artur acredita que o Governo domina tudo que tem a ver com a vacina, para evitar o erro cometido pela África do Sul, que adquiriu várias doses de uma vacina cuja eficácia provou-se reduzida para a variante sul-africana.

“Acredito que o Governo fez um estudo junto da empresa que fabricou a vacina. Temos que ter fé que é um processo que vai dar certo. Senão ficamos sempre na desconfiança. Estando na linha da frente, nós e o Governo devemos dar o exemplo começando com a vacinação e acredito que o resto da sociedade vai começar a confiar na vacina”, defendeu

Até este momento, o Governo ainda não apresentou o plano de vacinação contra a COVID-19. O que se sabe é que a vacina chinesa é de dose dupla, o que quer dizer que as 200 mil vacinas que chegaram ao país serão para imunizar 100 mil pessoas.

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