Depois do tumulto de ontem, pescadores da Costa do Sol dizem não ter dinheiro para pagar multas e retomar sua actividade. E os fiscais dizem que a devolução dos motores e redes só acontece após o pagamento das multas.
Os barcos flutuam na margem e os pescadores estão de mãos atadas. São apreensões e multas aplicadas pelo facto de os pescadores da Costa do Sol usarem redes de malhagem abaixo do recomendado por lei, que é de 38 milímetros.
Francisco Mawinge vive da pesca há 34 anos, e é com os rendimentos desta actividade que sustenta os filhos e netos. Mas na quinta e sexta-feira, o pescador Mawinge não foi ao alto mar. Ficou em terra firme e já começa a fazer as contas do futuro. Como tanto outros seus colegas, Mawinge sabe que a rede que está a usar não é apropriada.
Salomão Vilanculo, por exemplo, tinha três redes de pesca. Todas elas foram apreendidas e no total tem por pagar uma multa de 70 mil meticais. E se quiser voltar à pesca, ele terá de gastar mais 10 mil na compra de redes permitidas por lei.
William Cuna é o responsável da fiscalização de pescas na cidade de Maputo e esteve no local dos tumultos desta quinta-feira. Mas nega ter havido apreensão de redes e diz que os pescadores estavam a protestar contra apreensões bem mais antigas…
A fiscalização diz que tudo que fez foi para garantir o cumprimento da lei das pescas, inclusive a aplicação de multas. Mas os pescadores parecem mesmo decididos a lutar pelo presente, tanto que é esta sexta-feira sentaram e escreveram uma que será enviada ao Ministro do Mar, Pescas e Águas Interiores.