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Perto de 3 mil raparigas abandonaram estudos por causa de gravidez precoce em 2017

Perto de três mil crianças abandonaram os estudos por causa de gravidezes precoces em 2017. A informação foi avançada esta terça-feira pelo Director Nacional de Assuntos Transversais do ministério da Educação e Desenvolvimento Humano no seminário sobre o impacto dos ritos de iniciação na Educação da Rapariga.

Chama-se Albertina Ricardo! Residente na província de Inhambane. Casou-se e teve filha aos 15 anos de idade. Facto que a obrigou a abandonar os seus estudos para se dedicar à sua filha e ao seu marido.

À semelhança da Albertina, cerca de 3 mil raparigas que viram-se obrigadas a abandonar os seus estudos em 2017. Sem revelar os dados de 2016, Ivaldo Quincardete diz que este número mostra que houve uma subida ligeira raparigas que abandonaram os estudos como consequência deste mal.

“No ano de 2017 tivemos 3 mil casos a nível nacional que comparado com o ano anterior representa uma ligeira subida”, Quincardete. Entretanto esta subida não tira o sonho do ministério da Educação e Desenvolvimento em estancar este mal, conforme adianta Director Nacional de Assuntos Transversais Humano. “Acreditamos que para este ano, com o trabalho que temos estado a desenvolver com o apoio dos parceiros, é notável, realmente um grande esforço que os parceiros fazem nessa componente, o que me faz acreditar que em 2018 vamos reduzir”, aliás, “estamos a trabalhar para isso e temos colegas do Género, neste momento no terreno, a fazer um trabalho em Inhambane nesta área”, garantiu o Director Nacional de Assuntos Transversais do ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, Ivaldo Quincardete.

Dentre as medidas que estão sendo desenvolvidas pelo ministério e seus parceiros, destaca – se a montagem de um estrutura nível de cada turma que vai permitir que haja uma aluna na turma que zela pelas outras, que sensibiliza e que trabalhe com a ponto focal da escola. Para tal, segundo Ivaldo Quincardete, “esta rapariga terá de ser potenciada para na turma poder, realmente, reconhecer estes males todos, seja através de palestras e outras formas”.

Aliado a este aspecto, o ministério da Educação está a fazer um mapeamento para ver qual é a relação que existe entre a presença da professora e a rapariga, pois “temos muitos locais que não temos professoras em número suficiente e em alguns locais, não temos professoras o que torna difícil a retenção da rapariga na escola. Então faremos uma avaliação para comparar a presença da professora com o número de alunas presentes na escola e compararmos este abandono escolar na vertente de gravidez precoce e casamento prematuro, aliado à presença da professora”.

Deste modo, o ministério vai incentivar as províncias a colocarem as raparigas da sua localidade para irem se tornar professoras e voltar para própria escola de forma a incentivar as outras meninas que vale a pena estudar.

Para a Visão Mundial, parceira do ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, a erradicação deste mal que desgraça o futuro da rapariga, passa pela redefinição dos conteúdos ensinados nos ritos de iniciação.

Segundo a Gestora Sénior de Advocacia e Campanha da Visão Mundial, Persília da Gouveia, esta redefinição não implicará o abandono dos ritos.

“Nós valorizamos a cultura e percebemos que a cultura faz parte como moçambicanos e como Visão Mundial, não queremos de alguma forma impedir que as comunidades continuem a praticar a sua cultura”. Persília da Gouveia.

Por isso, a Visão Mundial incentiva a prática dos ritos de iniciação, mas “há que prestar atenção nos ensinamentos que são transmitidos. Será que são apropriados para aquela criança de 9 anos? Há questões dentro dos ritos de iniciação que tem a ver com a educação sexual, será que são apropriados para uma criança de 9 anos? Será que está preparada para ouvir isso? Porquê essa parte não é adiada para mais tarde?”.

Moçambique é o décimo país do mundo com maior índice de mulheres casadas antes dos 18 anos, revela um estudo da Visão Mundial.

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