O País – A verdade como notícia

Pequeno escritor é a nova aventura cinematográfica de Júlio Silva

O pequeno escritor é o título que Júlio Silva escolheu para o seu décimo filme, concebido a pensar nos amantes da literatura moçambicana. Essencialmente, a longa-metragem retrata a paixão de uma criança pelo livro, uma criança que vai crescendo com a paixão de declamar poesia, sempre agarrada aos livros moçambicanos. Em causa está um menino humilde, que, por não poder comprar uma obra sequer, anda de casa em casa para as obter, pedindo-as. Essa paixão da criança passa a despertar interesse dos estudantes, que a procuram por reconhecer nela um mestre da poesia moçambicana.

De modo a ter no filme o maior número de livros possível, nesta tentativa de tributar a literatura e os autores nacionais Júlio Silva conta com a colaboração de alguns poetas e escritores, que lhe enviam os seus originais. O realizador adianta: “Este filme é uma aula sobre a literatura e, em particular, sobre a poesia moçambicana, com jovens que têm capacidade de declamar. Espero que este filme e disco circulem pelas escolas do país, de modo que as crianças comecem a interessar-se pela literatura, com informação sobre os nossos escritores”.

O pequeno escritor está a ser rodado nos arredores de Maputo e em Gaza, em ambientes pelo realizador/escritor considerados pobres, pois com isso pretende demostrar que a literatura não é uma arte elitista.

Paralelamente ao filme produzido pela Associação Cultural Mozbeat, Júlio Silva vai lançar, em breve, um livro, o sexto na conta pessoal, o qual leva o título As palhotas dos meus contos. A colectânea de sete narrativas retrata tudo aquilo que o autor observava nos casebres onde dormia ao longo do território nacional, quando se encontrava a fazer trabalhos de pesquisa ou a rodar filmes. Na obra, Silva aglutina o que absorveu das populações e das circunstâncias em forma de ficção. “A força do povo é oral e eu simplesmente escutava e, depois, quando ia às palhotas a fim de descansar, escrevia para não esquecer de vários momentos. Isso faz com que eu beba muito de várias culturas do país, o que me permite que escreva contos que, depois, levo-os ao cinema, como aconteceu com filme Xikwembu, Correntes da Zambézia, Montanha misteriosa e Lágrimas”.

Esta é forma encontrada por Júlio Silva para levar aos moçambicanos e aos estrangeiros o que caracteriza a cultura moçambicana, os sonhos do povo, os mitos, as crenças, as forças, as fraquezas e inspiração constante sobre a natureza. 

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos