O Ministro do Interior, Pascoal Ronda, considera que as vítimas dos raptos devem trazer elementos para acusar o Governo de estar envolvido nos crimes. Ronda reagiu esta segunda-feira, na Cidade de Maputo.
A Comunidade Islâmica, maior vítima dos raptos no país, deu as caras na última sexta-feira para mostrar a sua indignação em relação aos raptos que se multiplicam na Cidade de Maputo. Nessa intervenção, houve acusações graves às autoridades policiais e governativas do país, incluindo membros do Governo.
Reagindo às acusações, o ministro do Interior disse, esta segunda-feira, que o ponto é o que todos podem fazer juntos para enfrentar o problema dos raptos. “Não vale a pena atirar pedras.
“Nós tomámos notas e registámos, mas hoje (esta segunda-feira) há uma reunião, que eu mesmo vou dirigir. Vamos sentar com calma, sem excitações, e percebermos o que está a falhar, o que devemos corrigir e o que devemos fazer juntos para enfrentarmos o problema. Este é um problema conjuntural, que requer soluções conjunturais. Para grandes males, grandes remédios. Então, é o que vamos fazer”, disse Pascoal Ronda.
Confrontado com a situação, o ministro do Interior diz que é típico de pessoas emocionadas e sem nenhum elemento de prova.
“É preciso perceber que toda a nossa reacção e, todo o nosso conhecimento, é bom que seja carregada de elementos que sustentem a reacção. Há momentos que as pessoas falam carregadas de emoção, porque querem uma resposta rápida e não olham para os factores à volta. Quando diz que a AKM que é usada pelos raptores é arma da polícia, a pergunta que se faz, logo à partida, pergunta de ciência, quantos países fabricam a AK47, que é uma arma de assalto? E quantos países vendem essa arma?.”
Ronda questionou, respondeu e corrigiu. “Até na África do Sul se vende. Essa é uma falácia. Aquela arma não significa ser da polícia. Primeiro, não se fez um trabalho de perícia para se dizer que aquela arma pertence ao registo da polícia. Ele falou porque estava emocionado e porque está preocupado. É preciso ter elementos que sustentam toda a nossa argumentação, se tudo quanto dissemos se pode fundamentar”.
Para o ministro do Interior, o mais importante é que o comandante da polícia que esteve presente na reunião da semana passada, com a Comunidade Islâmica, tomou nota e se está a trabalhar, mesmo com recursos limitados. E o ministro ainda acrescentou: “Havendo elementos envolvidos, responde pelos actos. Assim como punimos aqueles que são indisciplinados. Havendo alguém da polícia envolvido, seja de que nível for, responde pelos actos.”
Para o ministro do Interior, o tempo não é longo, até porque existem países que não conseguem resolver o problema há mais tempo. Pascoal Ronda diz que o importante é a entrega na resolução do problema e, um dia, Moçambique vai festejar a resolução dos raptos. “Não temos vergonha de críticas, porque é isso que nos faz crescer. Este é um percurso com altos e baixos, e o importante é que estamos focados”.