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Papa Francisco “na terra da tolerância religiosa”

O líder da igreja católica, Papa Francisco, iniciou hoje uma visita ao Marrocos, país considerado como exemplo da tolerância religiosa. No seu primeiro discurso oficial, Francisco se dirigiu ao povo do Marrocos e às autoridades em cerimônia de boas-vindas na Esplanada da Mesquita Hassan, em Rabat: "a construção de pontes entre os homens, na perspectiva do diálogo inter-religioso, deve ser encarada sob o signo da convivência, da amizade e da fraternidade”.

O Santo Padre deixou o Vaticano, na manhã deste sábado (30/3), para mais uma Viagem Apostólica, a de número 28 do seu Pontificado, esta vez, para visitar o Marrocos, por dois dias, sob o lema: “Papa Francisco: servidor da Esperança”. Francisco é o segundo Papa a visitar o Marrocos, depois de São João Paulo II, em 1985: um país de 34 milhões de habitantes, onde os católicos são apenas 23 mil.

Francisco partiu do aeroporto romano de Fiumicino às 11h00 – (7h00 horário de Brasília) – e chegou ao aeroporto de Rabat após três horas de viagem. Durante suas Viagens Apostólicas, o Santo Padre costuma enviar telegramas aos Chefes de Estado dos países sobrevoados. Esta vez enviou telegramas aos Presidentes da Itália, Sergio Mattarella, e da França, Emmanuel Macron, e ao Rei da Espanha, Sua Majestade Felipe VI.

Papa encontra povo do Marrocos

Ao chegar em terras marroquinas, Francisco dirigiu-se à Esplanada da Mesquita “Tour Hassan II”, em Rabat, para a cerimônia de boas-vindas. Ali, o Santo Padre manteve seu primeiro encontro com o povo marroquino, as autoridades civis e religiosas e o Corpo Diplomático, do qual participaram 25 mil pessoas.

O Santo Padre iniciou seu discurso com a saudação em árabe “As-Salam Alaikum”, desejando a Paz para todos:
“Estou feliz por pisar o solo deste país, rico de muitas belezas naturais, defensor dos vestígios de antigas civilizações e testemunha de uma história fascinante… Esta visita é, para mim, motivo de alegria e gratidão, porque me permite descobrir as riquezas desta terra, deste povo e das suas tradições, como também pela grande oportunidade de promover o diálogo inter-religioso e o conhecimento mútuo entre os fiéis das nossas duas religiões”.

Aqui, o Santo Padre recordou o histórico encontro entre São Francisco de Assis e o Sultão al-Malik al-Kamil, há oitocentos anos. Este evento profético demonstra a coragem deste encontro e da mão estendida que representam “um caminho de paz e harmonia” para a humanidade, em situações onde o extremismo e o ódio são fatores de divisão e destruição. E o Papa acrescentou: “Desejo que a estima, o respeito e a colaboração entre nós possam contribuir para aprofundar os nossos laços de sincera amizade, a fim de permitir às nossas comunidades preparar um futuro melhor às novas gerações.”

O desafio do diálogo inter-religioso

Naquela terra, ponte natural entre a África e a Europa, o Papa  reiterou a necessidade de unir os esforços, de muçulmanos e católicos, para dar novo impulso à construção de um mundo mais solidário, mais comprometido com um diálogo honesto, corajoso e necessário, no respeito das riquezas e especificidades de cada povo e de cada pessoa: “Este é um desafio que todos somos chamados a assumir, sobretudo neste tempo em que se corre o risco de fazer das diferenças e mútuo desconhecimento motivos de rivalidade e desagregação.”

Por isso, – afirmou Francisco -, para participar da construção de uma sociedade aberta, pluralista e solidária, é essencial desenvolver e assumir, com constância e sem cessar, a cultura do diálogo, a colaboração como conduta, o conhecimento recíproco como método e critério: “Eis o caminho que somos convidados a percorrer, sem cessar, para nos ajudar a superar, juntos, as tensões e os mal-entendidos, as máscaras e os estereótipos, que sempre levam ao medo e à contraposição. E assim, abrir alas para um espírito de mútua colaboração frutuosa, com base no respeito.”

Com efeito, disse Francisco, “é indispensável contrapor ao fanatismo e ao fundamentalismo a solidariedade de todos os fiéis, com base nas nossas ações os valores que nos acomunam”. Nesta perspectiva, o Papa irá visitar, logo a seguir, o Instituto Mohammed VI, criado pelo rei Mohammed VI, para imames pregadores e pregadoras, com o objetivo de proporcionar uma formação adequada e sadia contra todas as formas de extremismo, que, muitas vezes, levam à violência e ao terrorismo e constituem uma ofensa à religião e ao próprio Deus.

E o Papa ponderou:
“Um diálogo autêntico convida-nos a não subestimar a importância do fator religioso para construir pontes entre os homens e enfrentar com êxito os desafios. De fato, no respeito das nossas diferenças, a fé em Deus nos leva a reconhecer a dignidade e os direitos do ser humano”.

A construção de pontes entre os povos

Acreditamos – afirmou Francisco – que Deus criou os seres humanos iguais em direitos, deveres e dignidade, e os chamou a viver como irmãos, segundo os valores do bem, da caridade e da paz. Por isso, a liberdade de consciência e a liberdade religiosa – que não se limitam à liberdade de culto, mas consente viver segundo a própria convicção religiosa – estão inseparavelmente ligadas à dignidade humana:
“ Neste sentido, a construção de pontes entre os homens, na perspectiva do diálogo inter-religioso, deve ser encarada sob o signo da convivência, da amizade e da fraternidade.”

O término do seu primeiro discurso em terras marroquinas, o Santo Padre recordou a grave crise migratória, que constitui para todos um urgente apelo para erradicar suas causas. Sabemos que a consolidação de uma paz verdadeira passa pela busca da justiça social.

Comunidade católica e ação pastoral no Marrocos

Enfim, falando dos cristãos, que ocupam seu lugar na sociedade marroquina, Francisco disse que “querem colaborar para a edificação de uma nação solidária e próspera e do bem comum”. Aqui, recordou a ação pastoral da Igreja Católica no Marrocos: obras sociais, educação em escolas abertas a estudantes de todas as confissões, religiões e proveniência.

Enfim, encorajou os católicos e os cristãos a serem, no Marrocos, servidores, promotores e defensores da fraternidade humana. Shukran bi-saf! Obrigado a todos.

 

 

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