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“Pacientes chegam a perder a vida por falta de água e açúcar nos hospitais”

O presidente da Associação Médica de Moçambique diz que há falta de comida para doentes nos hospitais. Napoleão Viola aponta que os enfermos só recebem duas refeições por dia, e sem as devidas proteínas. Segundo o médico, as unidades sanitárias deveriam investir mais em carnes, ovos, queijos, entre outros alimentos mais saudáveis.

O homem que preside aos médicos associados no país, Napoleão Viola, esteve no programa Grande Entrevista, da STV, para falar sobre o Sistema de Saúde em Moçambique.

Falou de um problema bem conhecido – a falta de medicamentos –, mas, além deste défice, Viola revela que, às vezes, falta até o básico para salvar vidas nas unidades sanitárias.

“Chega a faltar e, infelizmente, leva a situações de óbitos. Então, se falta água e açúcar para salvar um paciente, evidentemente, nós não estamos mais preocupados com as nossas condições salariais. Aliás, não são raras as ocasiões em que nós, como profissionais, temos de contribuir valores para comprar esses medicamentos para os nossos pacientes, estou a falar de valores para medicação. Às vezes, chega-se a uma situação em que certos pacientes precisam de uma alimentação especial, também, infelizmente, temos de fazer uma contribuição. Já aconteceu isso em algumas ocasiões”, apontou.

Napoleão Viola diz que os doentes comem menos do que precisam para ter uma rápida recuperação e os alimentos servidos não são os adequados.

“Em muitos hospitais deste país, só se servem duas refeições ao dia, em vez de três refeições, porque não há alimentação disponível nas unidades sanitárias. Mesmo para o balanço dietético, do ponto de vista nutricional, tem sido bastante afectado. Às vezes, os pacientes precisam, por exemplo, de uma alimentação mais proteica, porque têm um grande défice proteínas, mas muitas unidades sanitárias não estão em condições de oferecer esta alimentação. Estou a falar, essencialmente, de carnes, ovos, que têm um maior conteúdo do ponto de vista protéico”, explicou.

Para Viola, esses problemas são fomentados pela corrupção que está enraizada na Função Pública e que urge combater.

“Resolver o problema da corrupção resolve 90% dos problemas do nosso país. Não estou a falar só da saúde, posso falar de educação, também. Se estivermos a falar, por exemplo, de contratação de professores, estivemos aqui a referir, com todo o respeito, que o professor deve ser o quadro mais qualificado da sociedade. Se, na altura da contratação dos professores, se contrata aquele que tem menor qualidade, porque pagou mais, desvirtuam o sistema. O problema é a corrupção. Então, enquanto não resolvemos esses problemas da nossa sociedade, não há saúde que prevaleça, não há educação que prevaleça”, concluiu Napoleão Viola.

O responsável da Associação Médica diz, também, que as sucessivas greves da classe não visam apenas melhorar a sua remuneração, mas também oferecer um atendimento hospitalar mais condigno aos moçambicanos.

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