O Presidente da República inaugurou, sábado, o parque de infra-estruturas verdes da cidade da Beira, em Sofala. Trata-se de um projecto pioneiro no país, que além de ter empreendimentos de lazer e diversão, poderá garantir melhor gestão das águas do rio Chiveve e minimizar inundações que em todas as épocas chuvosas afectavam cerca de 30 mil famílias.
Fazem parte da obra: ginásios a céu aberto, um mercado, quiosques, jardins infantis e campos multiusos, cuja construção custou pouco mais de 36 milhões de dólares. O valor provém do Banco Mundial, Banco Alemão de Cooperação e do Orçamento do Estado moçambicano.
É o maior parque urbano em África, edificado na baixa da cidade da Beira. Ocupa uma área de 45 mil metros quadrados, abrangendo os bairros de Chaimite e da Ponta-Gêa. As obras fazem parte de um projecto que iniciou com a reabilitação do canal do Chiveve em 2013.
Com as infra-estruturas, está assegurado o controlo das águas fluviais do Rio Chiveve, o que poderá contribuir para a redução de inundações que afectavam cerca de 30 mil famílias. Além do saneamento, as infra-estruturas edificadas proporcionam vários locais de lazer e diversão para crianças e adultos.
“Esta magnífica obra de arte e paisagística é amiga do ambiente. Representa a interacção positiva entre os seres humanos e o meio-ambiente. Representa ainda, a capacidade dos homens e mulheres de transformar os impactos destruidores de eventos climáticos severos. Temos a memória do ciclone Idai, que em poucas horas destruiu a cidade da Beira. Esta é uma grande oportunidade de recuperação ambiental, modernização e aumento da resiliência das infra-estruturas das zonas propensas aos efeitos negativos das mudanças climáticas e acção do homem”, introduziu o Chefe do Estado.
“Os impactos dos fenómenos climáticos tornaram-se maiores na cidade da Beira, onde o crescimento populacional e a actividade humana, sobretudo, através do uso desregrado da terra e destruição da vegetação nativa têm sido um dos factores que contribuem para a intensidade das alterações climáticas”, alertou Filipe Nyusi.
O Presidente da República recordou que por causa da sua localização, Moçambique continua um dos países mais propensos a desastres naturais, sendo que empreendimentos como o recém-inaugurado ajudam a minimizar os efeitos das intempéries.
“Por causa da sua localização geográfica e o clima”, bem como “porque algumas cidades estão abaixo do nível das águas do mar, Moçambique é um dos países mais vulneráveis a fenómenos extremos. O mundo de hoje, cada vez mais urbanizado, está a perder os habitats naturais e a viver perturbações regulares nos ciclos hidrológicos, entre vários males. As mudanças climáticas não só causam perdas de vidas humanas, como também causam danos ambientais traduzidos pelo aumento da temperatura, intensidade da chuva, alteração do calendário da época chuvosa, subida do nível do mar, erosão entre outros males”, explicou o Chefe do Estado.
Perante esse cenário, o Governo tem estado a construir infra-estruturas que aumentam a resiliência em caso de efeitos negativos das mudanças climáticas. O projecto inaugurado é exemplo disso, segundo Filipe Nyusi.
NYUSI NÃO QUER QUE O LOCAL SE TRANSFORME EM ABRIGO DE CRIMINOSOS
Num outro desenvolvimento, o Presidente da República exigiu da população cuidado das infra-estruturas.
“Este acto de inauguração marca o fim da etapa de construção e, ao mesmo tempo, do início de um longo e permanente processo de utilização e manutenção deste parque de infra-estruturas verdes. Por isso, não gostaríamos de ouvir que este lugar, com a sua beleza ímpar, se transformou num centro de criminalidade, um abrigo de marginais e um lugar perigoso para os utentes, ou uma lixeira para os bairros circunvizinhos. Sejamos implacáveis para aqueles que de dia e de noite apenas pensam em destruir aquilo que beneficia a maioria. Para que tal aconteça, é importante que haja vigilância dos munícipes e visitantes da cidade da Beira”, concluiu Filipe Nyusi.
PARCEIROS ASSUMEM COMPROMISSO DE APOIAR MOÇAMBIQUE EM PROJECTOS SIMILARES
Na ocasião, os parceiros que financiaram o projecto manifestaram compromisso de continuar a apoiar este tipo de iniciativas, porquanto visam melhorar a qualidade de vida das populações.
“O reforço da resiliência aos efeitos climáticos é uma prioridade do Banco Mundial, dada sua relação inseparável da nossa missão principal de reduzir a pobreza e promover a prosperidade das comunidades. As cidades costeiras, como a da Beira, são as mais afectadas pelos fenómenos climáticos severos.
Reconhecendo esta particularidade, a nossa instituição forjou uma parceria com outras entidades para apoiar intervenções complementares que possam reduzir o impacto desses fenómenos”, disse Michel Materra, representante do Banco Mundial, cuja visão foi também corroborada pelo Banco Alemão de Cooperação.
Com a obra pretende-se “melhorar o sistema de drenagem das águas fluviais do rio Chiveve, minimizando, assim, o risco de inundações nas áreas baixas da cidade. O projecto, nas suas duas fases, integra-se na estratégia de cooperação alemã de apoio ao processo de descentralização em Moçambique e visa melhorar as condições de vida das populações da cidade da Beira”.