O poeta distinguiu-se com O osso da água no Prémio de Poesia Judith Teixeira 2020, organizado pelo Município de Viseu (Portugal) e pela editora Edições Esgotadas. Concorreram ao concurso 204 autores de Moçambique, Angola, Cabo Verde e Brasil.
Há três dias, uma mensagem caiu na caixa de e-mail de Otildo Guido. Ao mergulhar no universo digital, o poeta logo percebeu que não se tratava de um correio electrónico vulgar. Pelo contrário. Depois de compreender o conteúdo, estremeceu, quase incrédulo, afinal acabava de conquistar o seu segundo prémio literário em 12 meses.
Num misto de emoções, Otildo Guido ficou surpreso, alegre e inseguro. Não esperava… Nem o prémio e tão-pouco os 2500 euros (cerca de 220 mil meticais). Todinhos seus, agora. No entanto, uma coisa estava clara para o autor, o seu O osso da água (poesia), constituído por 165 páginas, acabava de ser considerado vencedor do Prémio de Poesia Judith Teixeira 2020.
Escrito entre Xai-Xai (Gaza) e Inharime (Inhambane), O osso da água “é um ensaio profundo sobre a minha poesia. Cada caderno tem um Otildo diferente” e a obra possui vários cadernos, como “A caligrafia da boca”, “Instantes antes do tempo”, “A mecânica da sombra” ou “Psicografia da ausência”. Conforme adianta o poeta, em relação a O silêncio da pele (Prémio Fernando Leite Couto 2019), O osso da água é um livro mais diversificado. “Não tem uma única voz ou uma única métrica”.
A ser publicado pela editora portuguesa Edições Esgotadas, a nova proposta de Otildo Guido é uma radiografia deste tempo que corre. Em termos temáticos, o poeta pretende levar os leitores a reflexão sobre questões de esperança em momentos de guerra, depressão e de tédio. A obra é um grito de esperança em relação a isso. “Escrever o livro foi, de certa forma, agradável. Consegui aperfeiçoar algumas técnicas, explorei mais o trabalho sobre a linguagem”.
Otildo Guido aventurou-se pel’O osso da água depois de vencer o Prémio Literário Fernando Leite Couto, e, confessa, sentiu-se pressionado em escrever um livro melhor que O silêncio da pele.
O reconhecimento da nova proposta literária de Otildo Guido, 22 anos de idade apenas, num universo de 204 candidaturas de Moçambique, Angola, Cabo Verde e Brasil, foi feito pelo Município de Viseu e pela editora Edições Esgotadas, através da Biblioteca Municipal D. Miguel da Silva. O propósito do prémio, escreve Jornal do Centro, é homenagear a escritora Judith Teixeira e premiar uma obra de poesia original e inédita escrita em língua portuguesa, a pátria de Fernando Pessoa.