Depois de Moatize, Ossufo Momade trabalhou hoje em dois distritos fronteiriços da província de Tete, quinto maior círculo eleitoral do país.
Nas primeiras horas, ele entrou no posto administrativo de Dómue, onde foi recebido por milhares de membros e simpatizantes que o acompanharam numa passeata pelas ruas daquele ponto do país.
Foi nessa passeata que membros e simpatizantes da Frelimo e da Renamo apedrejaram-se a ponto de ser necessário que a Polícia disparasse para o ar de modo a acalmar os ânimos. Quando os ânimos já estavam amainados, o candidato presidencial da Renamo subiu ao palco do comício. Soltou dois pombos e disse aos presentes que, apesar da situação, continua um homem de paz e perdoa tudo o que aconteceu.
“Ficámos preocupados com o que aconteceu na nossa entrada na vossa vila. Alguns elementos daquele partido que não quero mencionar nomes começaram a arremessar pedras contra nós. Aquilo não é democracia. Aqueles não conhecem a democracia”, disse Ossufo Momade, explicando tratar-se de um problema antigo, do qual o falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, era também vítima.
"Essa brincadeira não está a iniciar com Ossufo. Mesmo no tempo do nosso saudoso presidente faziam isso. Impediam que ele pudesse hospedar numa vila ou num distrito ou localidade e faziam aquilo que fizeram aqui (em Dómue) hoje. Mas como nós somos democratas, perdoamos aqueles pecadores", enfatizou.
Constrangimentos à parte, o líder da Renamo queria falar do seu manifesto em eleitoral. Em Dómue prometeu construir um hospital de referência e afirmou que não faz sentido, havendo governo no país, que os habitantes daquele posto administrativo continuem a ter que recorrer ao Malawi para buscar cuidados de saúde.
Depois de Dómuè, Momade seguiu para Ulungué, o posto administrativo sede do distrito de Angónia. Em comício recordou à população que aquele é um dos maiores centros de produção no país e que, pelas condições climáticas, o distrito já devia ter desenvolvido.
“O vosso clima é da Europa, vocês quando estão aqui, parece que estão em Portugal, França ou outros países da Europa. Deviam ter o respeito”, disse, criticando o facto de “o governo do dia não cria condições para que vocês possam produzir, para que vendam os vossos produtos e tenham uma boa alimentação. Aquilo que vocês podem ter para sobreviver e ter boa vida”, avisou.
Já quase no fim do dia, Ossufo seguiu para o distrito de Tsangano, outro celeiro da província de Tete, onde depois de percorrer alguns quilómetros de estrada de terra batida encontrou muitos potenciais eleitores que o esperavam. Enfatizou, igualmente, a importância da agricultura mas também deixou um aviso: “Ninguém pode aparecer nas vossas casas e pedir cartão de eleitor. Quem aparecer na vossa casa a pedir cartão de eleitor devem denunciar. Muitos não sabem mas quando levam o vosso cartão ou o número querem criar condições para que vocês não votem ou para que os vossos votos não contem. Fiquem atentos, muita vigilância”.
É, segundo Ossufo, preciso vigilância porque o distrito de Tsangano. “Tem um clima bom para produzir maçã, uva, milho, gergelim e outros produtos, mas vocês ainda vivem na pobreza absoluta. Eu vejo nas caras dos jovens, dos pais e das mães que estão aqui a pobreza absoluta. Essa brincadeira deve acabar", terminou o candidato presidencial da Renamo, apelando a votos para o seu partido no sentido de haver mudança.