O líder da Renamo, Ossufo Momade, expressou hoje a “revolta” do seu partido, pelo assassinato do antigo delegado político do seu partido em Manica, sofrimento Matequenha, cujo corpo foi encontrado ao longo do último fim-de-semana, no distrito de Gondola.
Na sua primeira reacção pública sobre o sucedido, Momade quer que seja levada a cabo uma investigação “profunda” para apurar e responsabilizar os culpados pelo facto.
“Exigimos, desde já, que inicie um sério trabalho de investigação policial, tendente a esclarecer este crime e punir, exemplarmente, os responsáveis directos e mandantes destes actos macabros contra moçambicanos, para evitar que continuemos a assistir situações de impunidade”, disse Momade, numa comunicação que serviu para fazer o balanço do ano.
A Renamo baseia-se nas informações colhidas junto à família do malogrado, segundo as quais, teria sido raptado por supostos elementos da Polícia da República de Moçambique (PRM). Classifica o que aconteceu com o seu antigo delegado político como uma “execução sumária” que deve ser condenada e fazer-se justiça “em prol dos moçambicanos e membros da oposição desaparecidos”.
PROCESSO DO DDR
Para o líder da Renamo, o ano que amanhã termina registou avanços significativos no processo da implementação do acordo de paz, destacando a desmobilização de um terço do seu contingente.
“Satisfaz-nos o facto de o ano 2020 ter registado sinais muito significativos no que concerne à paz, porquanto até ao presente momento, foram desmobilizados cerca de 1.509 (homens armados) dos quais, 142 são mulheres do Destacamento Feminino, num universo de 5.221 combatentes”, explicou.
Ossufo Momade “enalteceu o papel decisivo que o Presidente da República e a Comunidade Internacional têm assumido no prosseguimento deste processo”.
Ainda no que diz respeito ao processo de paz, o líder da Renamo voltou a deixar críticas à Junta Militar, liderada por Mariano Nhongo, e reiterou o seu apelo para que este movimento pare com a instabilidade.
“Continuamos a apelar ao bom senso do senhor Mariano Nhongo e seus companheiros para pararem com a violência que têm estado a perpetuar. Como sempre dissemos, condenamos e repudiamos esses actos que põem em causa a vida humana e a vontade colectiva de viver em paz”, exortou.
SITUAÇÃO INTERNACIONAL
Momade analisou também a situação da política internacional e mostrou o seu posicionamento sobre alguns aspectos que continuam a marcar actualidade.
“Na conjuntura internacional há a realçar a aprovação dos acordos de Brexit, entre a União Europeia e a Grã-Bretanha, e as eleições americanas, que os moçambicanos esperam que influenciem positivamente as relações existentes com o nosso país”, disse o presidente do maior partido da oposição no país.
Por outro lado, Ossufo Momade manifestou preocupação com os “sinais negativos da Rússia e da Guiné-Conacri, onde a todo custo tenta-se modificar a ordem jurídica constitucional, como forma de perpetuação no poder”.