O presidente da Renamo receia que a não conclusão de DDR venha a ser mais um incumprimento do Governo, tal como aconteceu nos anteriores acordos de paz. Ossufo Momade avalia negativamente o desempenho do Governo, este ano.
A cinco dias do fim do ano 2022, o presidente da Renamo fez uma radiografia da governação, esta segunda-feira, e sobre a falha no encerramento da última base militar, no âmbito do processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) dos homens armados da Renamo, Ossufo Momade voltou a culpar o Governo.
“Segundo os entendimentos, o processo de DDR devia ter terminado no dia 19 do presente mês de Dezembro, infelizmente, não aconteceu por causa dos sistemáticos incumprimentos por parte dos outros intervenientes. Ficamos cada vez mais preocupados com os anúncios de inexistência de fundos e a alegada insustentabilidade de pensões para os nossos combatentes. A nossa preocupação é maior ainda, quando estes anúncios põem em causa as garantias dadas durante todo o processo de implementação de DDR. Não se compreendem estas revelações que fazem transparecer um recuo num momento crucial, o que não é desejável para nenhuma das partes. Esperamos que não seja uma reedição dos incumprimentos dos Acordos de 4 de Outubro de 1992 e de 5 de Setembro de 2014 que criaram instabilidade no país”, disse Ossufo Momade, presidente da Renamo.
Ossufo Momade até foi questionado se o ponto apontado pelo Presidente da República, semana finda, relacionado com a troca constante de listas de homens armados que devem ser alistados para se beneficiarem de pensões ou enquadramento nas Forças de Defesa e Segurança, mas preferiu abreviar tudo: “este é um momento muito especial em que não posso responder às perguntas porque é um comunicado”.
Na verdade, o presidente da “perdiz” optou por uma comunicação através da imprensa, em Nampula, para dar a conhecer o seu ponto de vista em relação ao desempenho do Executivo liderado por Filipe Nyusi.
Quanto à instabilidade que se vive no Norte do país, a Renamo entende que o Governo não tem uma estratégia clara para pôr fim ao terrorismo. “Perante este caos, assistimos a um Governo sem soluções, lamentando como qualquer cidadão anónimo e sem nenhuma estratégia para acabar com estes males que ameaçam e afectam profunda e negativamente o nosso Estado.”
Para Momade, a questão da realização ou não das eleições distritais em 2024 deve ser discutida, tendo em conta a abertura e tratamento igualitário no debate. “Não nos fechamos a qualquer debate desde que seja em salvaguarda dos superiores interesses do povo moçambicano, porém somos pelo respeito mútuo”.
Ossufo Momade conclui que a governação em 2022 foi negativa e marcada pela crise financeira, mortes no Norte e na Beira e aumento do custo de vida.