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Os números da “desgraça colectiva”

Cinco derrotas e uma vitória nas duas janelas de qualificação para o “Afrobasket”-2021 traçaram um destino previsível, sobretudo, depois da pálida imagem deixada ficar em Novembro do ano passado, em Kigali, no Ruanda.

As três derrotas sofridas com o Angola, Senegal e Quénia, na era Milagre “Mila” Macome ditaram, e não hajam dúvidas, ditaram desde logo o descalabro da selecção nacional de basquetebol que somente em 2025, se tiver competência na quadra, poderá voltar a jogar o “Afrobasket”.

Condicionada fisicamente, face à falta de competições internas e ritmo competitivo dos jogadores, pouco ou nada havia a fazer para se manter na elite da modalidade da bola ao cesto no continente.

Mas há mais que se diga: na primeira janela, houve claramente uma distracção de quem dirige a modalidade para que os trabalhos de preparação iniciassem mais cedo. Alias, no capítulo da organização, deixamos muito a desejar até porque há claramente indicativos de falta de motivação de alguns atletas devido as condições que lhes são oferecidas, sobretudo, nas suas deslocações ao estrangeiro.

Os dados estatísticos são o fiel revelador da necessidade de se melhora a abordagem ofensiva defensiva da equipa.

Sem lançadores natos, e num cenário em que o jogo exterior é cada vez mais decisivo em todas equipas, Moçambique teve um registo muito fraco nas duas janelas de qualificação. Senão vejamos: 30 tiros exteriores concretizados em 130 tentados, uns fraquinhos média de 23.1% em seis jogos.

Nos lançamentos de campo, estivemos igualmente longe do desejável com 124 tiros certeiros em 406 tentados, perfazendo média de 30.5% de aproveitamento. Muito pouco para quem ambiciona muito mais.

Na linha de lances livres, aí, estivemos muito bem: 77 lançamentos certeiros em 112 tentados, colocando os números em 68.8% de aproveitamento. Muito bom.
Nas tabelas, perdemos a luta com Angola, Senegal e Quénia que se apresentaram com equipas mais robustas fisicamente. Foram, no global, 263 ressalto dos quais 175 defensivos e 85 ofensivos.

Fraca nos aspectos ofensivos, a selecção nacional cometeu muitos turnovers nesta fase de apuramento com um total de 120.
As estatísticas indicam ainda 48 roubos de bola e 263 assistências.

 

Kendal só para contrariar…

Foi, sem dúvidas, e era de esperar, a melhor unidade de Moçambique nestas janelas de qualificação para o “Afrobasket”.

No cômputo de seis jogos, Kendal “Kedinho” Manuel foi o melhor cestinha e mais utilizado da selecção nacional de basquetebol sénior masculino. Em 185 minutos na quadra, liderou as estatísticas com 75 pontos, média de 12.1 pontos/jogo.

O valoroso número 2 teve “targets” interessantes nestas duas janelas de qualificação com 26 lançamentos concretizados em 72 tentados, alcançando, desta forma, 36.1% de aproveitamento.

Numa prova em que Moçambique praticamente não existiu nos tiros exteriores, até porque, objectivamente, não tinha lançadores natos, Kendal Manuel apresentou-se com 12 em 37 tiros, uma média de 32.4%.

Na linha de lances, sinal altamente positivo: 11 lançamentos concretizados em igual número de tentativas. Dezassete ressaltos (2.4 por jogo), 21 perdas de bola, 19 assistências e cinco roubos de bola são outros dados estatísticos do atleta que deu os primeiros passos na NCAA no Oregon State University.

O contacto de Kendal Manuel com o basquetebol africano, no geral, e a selecção nacional, em particular, foi na segunda janela das eliminatórias para o Mundial de Basquetebol da China, realizada em Dakar, Senegal, em 2019. O valoroso apresentou “targets” que atestam a sua competência na quadra: três jogos, 65 pontos, o que perfaz uma média de 21.7 pontos/jogo, mesma marca alcançada por Jordan Nwora da Nigéria.

O filho de “Potolas” estreou-se na arena de Dakar, envergando a camisola 2, com 14 pontos, mas não evitou a derrota diante da Costa do Marfim, por 62-45. Dia seguinte, mais uma exibição de gala: 19 pontos em 39: 03 minutos na quadra diante da RCA, terminando o jogo com 17 lançamentos de campo (35.3 porcento), 4 em 4 lançamentos livres (100 porcento) e 3 em cinco lançamentos de dois pontos (60 %).

Finalmente, frente ao gigante Senegal, Kedinho contabizliou 32 pontos em 37:12 minutos em campo, concretizando nove em 20 lançamentos de campo (45%), nove em nove lançamentos livres (100 %) e cinco em nove tiros exteriores (55.6 %).

David Canivete foi o segundo melhor cestinha de Moçambique com 11.3 pontos por jogo (total de 58 na prova) e 6.4 ressaltos (36 dos quais 26 ofensivos e dez defensivos), sendo que Geremias Manjate e Edson Manjate apresentam médias de 5.4 e 5.0 ressaltos.

Mesmo tendo falhado a terceira janela, Pio “Lingras” Matos liderou em termos de assistências com 4.0 por jogo, seguido de Kendal Manuel com 3.2.

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