Os operadores florestais da província de Sofala queixam-se de dificuldades para colocar produtos acabados no mercado nacional e apontam a mobília de madeira importada como o principal obstáculo ao negócio. Assim, eles propõem a aplicação de sobretaxa aos produtos de madeira importados.
O grupo diz que por conta da proliferação da mobília de madeira importada, os investimentos feitos nas indústrias de processamento não têm retorno, o que pode levar à falência.
Para os operadores florestais só há uma saída para alavancar as suas economias, bastante afectadas pelo ciclone Idai e pela COVID-19: o Estado devia aplicar uma quantia suplementar à tarifa ordinária exigida na importação de produtos de madeira importados.
Os operadores florestais entendem igualmente que o Estado devia introduzir uma obrigação no sentido de todas as suas obras serem apetrechadas com madeira produzida internamente.
“Qualidade nós temos, o que falta é oportunidade. Temos que começar a mudar de mentalidade para criar oportunidades aos nossos operadores florestais e garantir a industrialização do sector”, sugeriu Aldo Alcacha, um dos operadores florestais.
A sugestão foi manifestada na passada sexta-feira, na cidade da Beira, durante uma reunião organizada pelo gabinete da secretária do Estado da província de Sofala. O encontro visava discutir melhores formas para alavancar o sector e divulgar os procedimentos para a exploração florestal 2021.
No mesmo encontro, os operadores florestais mostraram-se ainda preocupados com a demora na atribuição de licenças. Por vezes, os documentos em causa chegam a ser emitidos com seis meses de atraso, abrindo espaço para os madeireiros operarem apenas três a quatro meses num ano, segundo explicou Rodrigo Sebastião, que opera no distrito de Marínguè.
Um outro operador, Osmane Mussa, que opera no distrito de Chemba, queixou-se do facto de estar a ser obrigado a construir uma infra-estrutura, anualmente, pela comunidade local, no âmbito da sua responsabilidade social.
Em resposta às preocupações apresentadas pelos operadores, a secretária do Estado da província de Sofala, Stela Zeca, defendeu o consumo de produtos acabados produzidos localmente e garantiu que junto de outros sectores iria se inteirar mais sobre as preocupações a si colocadas.
“Para mim não faz sentido uma licença ser emitida com mais de seis meses de atraso. Não há nenhuma justificação aceitável para tal. Este facto prejudica a vós, como operadores, e a nós, como Estado. No nosso entendimento, no âmbito da responsabilidade social, os operadores florestais devem construir uma infra-estrutura para as comunidades de cinco em cinco anos, salvo erro”, disse a dirigente.
“Vamos juntar esforços para garantir a industrialização dos operadores florestais. No próximo encontro contaremos com a presença de todos os sectores envolvidos na exploração da madeira”, de modo “a encontramos soluções definitivas” para os problemas elencados, garantiu Stela Zeca.