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ONU recorda Mandela com críticas ao sistema financeiro internacional

Foto: RFI

O secretário-geral das Nações Unidas diz que o sistema financeiro internacional não cumpre a sua função enquanto rede de segurança global face aos desafios humanitários actuais. António Guterres diz que o mundo deve inspirar-se no espírito de humanismo, dignidade e justiça defendido por Nelson Mandela.

No seu pronunciamento, o secretário-geral das Nações Unidas, organização que instituiu a efeméride, fala da pobreza, fome, desigualdades sociais e catástrofes como actuais desafios das nações e lamenta que o sistema financeiro internacional não responda aos dramas sociais.

“Actualmente, a pobreza, a fome e as desigualdades estão a aumentar, os países fundam-se em dívidas, a crise climática está a destruir a vida daqueles que menos fizeram para provocar e o nosso sistema financeiro injusto e desactualizado não cumpre a sua função enquanto rede de segurança global”, disse Guterres.

Com isso, Guterres apela ao resgate do legado do pan-africanista Nelson Mandela, cuja trajectória se notabilizou pela defesa da dignidade humana.

“Temos a possibilidade de resolver esses problemas, ao comemorarmos a vida de Nelson Mandela. Ao comemorarmos a vida e obra de Nelson Mandela, deixemo-nos inspirar pelo seu espírito de dignidade e justiça. Apoiemos as mulheres, as meninas e os agentes de mudança de todo o mundo”, apelou.

Já alguns analistas internacionais, ouvidos pelo jornal O País, apontam que o legado de Mandela está cada vez mais esquecido, pela África e pelo povo sul-africano. Wilker Dias julga que a África do Sul voltou a ser palco de desigualdades raciais e criminalidade.

“A África do Sul tem ainda alguns focos desta separação racial; existem algumas zonas em que os negros não são permitidos entrar, isso acaba por afectar esse processo que foi conseguido por Nelson Mandale. Portanto, o legado de Nelson Mandela está a ser enterrado, primeiro pelos próprios sul-africanos e depois pela África”, denunciou Wilker Dias.

Já José Gama fala de uma África do Sul politicamente conturbada na era pós-Mandela. Para o analista, o ANC que Nelson Mandela deixou é diferente do de hoje. “Na altura, o ANC tinha uma forte ideologia.

Antigamente, as pessoas votavam no ANC porque eram incutidas que aquilo que prevalecia era ainda o espírito de Nelson Mandela, mas, hoje, sobretudo os mais velhos, sentem-se traídos porque há coisas que não estão a ser resolvidas, e o ANC, sem Nelson Mandela, está cada vez mais a entrar em declínio.”

O Dia Internacional Nelson Mandela, celebrado a 18 de Julho, celebra o aniversário do nascimento do líder sul-africano e vencedor do Prémio Nobel da Paz de 1993.

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