Um grupo de manifestantes, composto por oleiros e camponeses dos bairros Nhanchere, Bagamoyo e 1 de Maio, em Moatize, província de Tete, que alega ter sido afectado pelas operações da Vulcan, amotinou-se, esta quarta-feira, nas proximidades da empresa, em Moatize, em reivindicação de compensações devido a fissuras ou desabamento de suas casas e expropriação de suas machambas. Como forma de pressionar a empresa, os manifestantes tentaram colocar barricadas para impedir a circulação de viaturas que prestam serviços à mineradora.
“A minha casa tem várias fissuras, devido à explosão da mina e temo que a situação venha matar-me enquanto estiver no interior”, disse uma das manifestantes entrevistada pelo “O País”. Outro manifestante esclareceu que perdeu a sua machamba durante o período em que a empresa pretendia exploração de carvão nas proximidades da mina.
O grupo ameaçou paralisar todas as actividades da empresa, caso não houvesse esclarecimentos sobre o assunto. Entretanto, a intenção dos manifestantes só fracassou graças à pronta intervenção da Polícia, que imediatamente se fez ao local para conter os ânimos e dispersar os grevistas.
“Viemos barrar a entrada que dá acesso à empresa, mas a Polícia está a intimidar-nos com cães. O que pretendíamos fazer é fechar a estrada para que nenhuma viatura que presta serviços à empresa circule”, refere uma das grevistas.
Através de uma nota, a Vulcan esclareceu que, em relação ao desabamento e rachas nas casas, as vibrações causadas pelas detonações no interior da mina são feitas de modo a que não causem danos nas comunidades circunvizinhas à zona de concessão e tem estado a investir em novas tecnologias e uso de técnicas apuradas para a amortizar o ruído e a dispersão das vibrações.
Segundo a empresa, para dar seguimento a esta questão, foi criada uma comissão multissectorial, constituída pelo Governo, município, comunidade e sociedade civil para avaliar se as reclamações das comunidades são legítimas e aguarda-se pelo relatório do trabalho.
Sobre oleiros, todos pendentes que existiam sobre olaria foram atendidos no memorando de entendimento de 2019, tendo sido acordado que não havia nenhum outro grupo. No entanto, depois das compensações, foram verificadas novas ocupações nas áreas de concessão da empresa e são estes cerca de mil supostos oleiros que se têm manifestado e exigindo pagamentos, sem fundamento legal e justo, refere a nota.
Em relação às machambas, a Vulcan refere que todas as pessoas cujas machambas foram abrangidas pela concessão foram compensadas e as reivindicações também não têm fundamento legal e justo.
A Vulcan diz ainda que abriu uma linha de diálogo e apresentou um leque de projectos para as comunidades, no âmbito das estratégias de desenvolvimento do Governo do distrito e mantém o seu compromisso de contribuir para o bem-estar das comunidades onde actua.