A missão de observadores da União Europeia (UE) fez hoje, na cidade de Maputo, a sua declaração preliminar sobre as eleições gerais e provinciais da última terça-feira. O grupo composto por 150 membros apresentou a avaliação, em três etapas que até aqui marcaram o processo eleitoral.
Começando pelo recenseamento, o eurodeputado Nancho Amor, que chefia a missão, disse que constataram “um aumento do número de eleitores em todas as províncias, com um aumento substancial em Gaza, onde o número de eleitores recenseados quase duplicou desde as eleições de 2014”, e, de seguida, deplorou igualmente, “deficiências técnicas e prazos apertados” que terão levado “à existência de um número desconhecido de múltiplos registos de eleitores, coadjuvados pela fraca acção das instituições responsáveis”, o que, no entender dos observadores, “afectou negativamente a qualidade do processo”.
Amor apresentou também, a leitura da missão da UE, sobre a campanha eleitoral. Um processo, que para a missão, ficou manchado por alguns focos de violência.
“As actividades de campanha tiveram lugar em ambiente tenso com regulares incidentes de natureza violenta, envolvendo membros e apoiantes dos partidos políticos; limitações às liberdades de reunião e de circulação dos partidos da oposição foram regularmente relatadas”, afirmou, acrescentando: “a desigualdade de oportunidades foi evidente durante toda a campanha. O partido no poder dominou a campanha em todas as províncias e foi observada uma falta de confiança por parte do público em relação à imparcialidade das forças policiais moçambicanas, frequentemente, vistas como sendo mais favoráveis ao partido no poder e não gerindo adequadamente incidentes e queixas”.
Entretanto, de um modo geral, no que respeita ao dia de votação, a missão dos observadores classificou de forma positiva.
“As preparações logísticas para o dia da votação foram adequadas e, em geral, atempadas. A abertura e votação foram bem implementadas e de forma transparente. As mesas de voto abriram a tempo pelo país”, disse.
“O dia da votação foi bem organizado com relativamente poucos incidentes. Apesar de grupos de observadores nacionais já estabelecidos terem dificuldades com a sua acreditação, frustrando os seus esforços para ter uma extensa cobertura nacional e para implementar a sua contagem paralela de votos”, declarou o chefe da missão de observadores da UE, que na apresentação da avaliação preliminar repudiou o assassinato de Anastácio Matavel, Director do Fórum das Organizações Não-governamentais de Gaza, morto a tiro, por agentes especiais da Polícia.