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O que fazemos, “maguengue”: jogamos ou perdemos?

É caso para dizer que o dono da bola não tem voz, e, com isso, um descamisado tem, neste momento, o poder para mandar jogar ou derrubar as “balizinhas” implantadas no interior do Zimpeto.

Pela primeira vez, a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) parece desconhecer a localização das credenciais de ordem e segurança, demandadas pela Confederação Africana de Futebol (CAF), para a realização do encontro entre Moçambique e Mali, referente à quinta e penúltima jornada de acesso ao CAN Marrocos 2025.

O ambiente de incertezas preocupa a CAF, que, neste momento, teme pela integridade dos atletas e não só. Há um acidente iminente, o desporto e a política estão em rota de colisão. O Governo não pode “meter-se”. As regras são claras: em sopa de legumes, o feijão não é ingrediente. Diante de tudo isto, surge a questão: será que os Mambas vão rastejar, esta sexta-feira, no meio de pneus em chamas?

É um facto para dizer que, apesar de estar fora do jogo, Venâncio Mondlane parece, neste momento, o único com as chaves para abrir o Zimpeto e deixar o povo e os Mambas serem felizes. Em parte incerta, o tipo admoesta os movimentos do país e já se tornou calendário seguido pelos moçambicanos. Todos os movimentos são em respeito pelas recomendações deixadas nas suas lives nas redes sociais.

O jogo está marcado para as 18 horas, no Estádio Nacional do Zimpeto (ENZ), no meio das manifestações novamente convocadas pelo “político-mor” da juventude. Torna-se quase impossível prever o cenário do dia, muito menos o ambiente do jogo. Entre dúvidas e incertezas, Moçambique não tem outra escolha a não ser realizar a partida, sob pena de perder os três pontos a favor do Mali e, assim, comprometer a tão esperada segunda qualificação consecutiva para um CAN na história.

Sou a favor da revolução e manifestações pacíficas, mas também amo o futebol e a história em volta. Sou expectante das mudanças à vista e, como moçambicano, choro junto com o povo, daí que também estou nas ruas a marchar em direcção à liberdade.

E agora, o que fazemos, “maguengue”: jogamos ou perdemos? Mali está entre nós. Lutamos ou cedemos os três pontos, além do pagamento da multa de mais de 30 milhões de Meticais.

Entrarmos em jogo quando forem 18 horas pode ser outra forma de nos manifestarmos. Podemos rugir sem nos insurgirmos durante os 90 minutos. Somos fortes para lutar em duas frentes. Podemos zangar-nos sem nos espalharmos, podemos pressionar sem nos envergonharmos, podemos jogar, ou perdemos a oportunidade de estarmos presentes na maior montra futebolística africana, onde só as 24 nações bem polidas passeiam a classe.

Quem de direito deve conceder-nos o direito de vibrar com o futebol. Quem de direito pode dar-nos o direito de ver Dominguez e os seus em campo a arrumarem os malianos,. Somos fortes, mostramos eficácia no primeiro encontro em Bamako. Uma trégua de 90 minutos pode dar-nos ar fresco que não sentimos desde a saída às urnas.

Que o dono da bola se posicione ou o descamisado tomará o apito e voltará a liderar a equipa que parece caminhar sem capitão. O que fazemos, “maguengue”: jogamos ou perdemos?

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