Em 2014, quando nasceu, era apenas uma grande ideia. Hoje, volvidos três anos, o MOZEFO é um fórum de referência como plataforma de fermentação de ideias. Às portas da 2.ª edição, Daniel David projecta o que vai ser o MOZEFO de 2017, o tema escolhido, os principais oradores e o que o move, a si e ao grupo que dirige, neste projecto.
Comecemos pelas matrizes do MOZEFO. Qual a sua visão?
A visão do MOZEFO é ser um fórum moçambicano de referência com impacto regional e mundial. A missão é ajudar a impulsionar o desenvolvimento económico acelerado e inclusivo de Moçambique. Achamos que o desenvolvimento económico é a única forma e o único meio que pode impactar naquilo que são as necessidades individuais das pessoas, que são a razão de ser de qualquer programa ou de qualquer estrutura de desenvolvimento de um país.
O MOZEFO elegeu quatro pilares na sua actuação. Pode fundamentar a sua escolha?
O primeiro pilar é “inclusão e participação”, porque não podemos falar de inclusão sem que as pessoas possam participar, por isso o nosso grupo está a participar, fazendo a sua parte. O MOZEFO apenas está aqui para contribuir e ajudar para que Moçambique de hoje seja diferente do Moçambique do amanhã. O segundo pilar é “crescimento económico e desenvolvimento”, porque acreditamos que não podemos falar de crescimento sem falar de desenvolvimento. O crescimento económico tem que impactar no desenvolvimento do país. O terceiro pilar é “a questão da sustentabilidade e responsabilidade” a nossa geração tem a obrigação de deixar um legado para as gerações vindouras. Por essa razão, a questão da sustentabilidade das políticas e de tudo que nós fazemos, quer a nível individual, quer a nível colectivo, seja de uma forma responsável, para que o futuro das nossas crianças, o futuro dos moçambicanos, seja um futuro diferente. E, finalmente, falamos da “inovação e transformação” essa é a parte que mais me apaixona, porque a inovação tem que, necessariamente, ser transformadora. É por isso que nascem as novas tecnologias, o novo meio digital, esse impacta directamente naquilo que é a inovação e ela é transformadora, porque muda radicalmente a forma de ser e estar das sociedades. Esses são os quatro pilares do MOZEFO: Inclusão e Participação, Crescimento Económico e Desenvolvimento, Inovação e Transformação e a Questão da Sustentabilidade. Assentamos o desenvolvimento do MOZEFO e aquilo que é o papel do MOZEFO nesses grandes pilares que acabei de falar.
Olhando para o percurso de 2014 para cá, estamos a falar de eventos realizados ao nível nacional e, também, internacional. Pode falar-nos desses momentos?
Começamos com conferências, elegendo os temas estruturantes que o nosso Governo delineou no seu plano de governação. Estamos a falar da área energética, da agricultura, do turismo e da infra-estrutura e logística. Organizámos quatro fóruns com estes grandes temas. Depois, organizámos uma quinta conferência sobre financiamento, porque não podemos falar dessas quatro grandes áreas sem falar do financiamento à economia. Depois publicámos cinco livros do MOZEFO, que chamámos de resultados daquilo que foi o primeiro grande MOZEFO. “Um desafio ao futuro” foi o grande lema do MOZEFO para a primeira edição. Trouxemos oradores nacionais e internacionais, podemos referenciar que tivemos a participação de cerca de 2 700 pessoas, foi para nós aquilo que podemos chamar a prova oral que passamos com excelência, porque a adesão das pessoas foi esmagadora, não estávamos à espera. Isto foi um sinal de aceitação do projecto e do carinho que os moçambicanos têm com o MOZEFO.
Para além das conferências nacionais, o MOZEFO projectou-se no espaço internacional…
Depois do sucesso da primeira edição, decidimos arrancar para a segunda, este ano, com um projecto interessante, que denominamos “construindo pontes”. Na prática, trata-se de construir pontes com aqueles países com que Moçambique tem relações económicas estratégicas. Escolhemos Europa, África e Ásia, e nós, neste momento, acabamos de concluir os dois grandes continentes, nomeadamente ao fazermos as conferências na África do Sul e em Portugal. E Portugal foi marcante, porque a participação também foi gigantesca. Foi uma participação que contou com a presença do chefe do Estado português e com vários empresários que acompanharam este evento de uma forma especial. Tivemos também a participação de oradores nacionais, como o caso do Presidente Chissano e da antiga primeira-ministra Luísa Diogo e de muitos outros empresários que nos acompanharam a Portugal. Na África do Sul, contámos também com a presença de um ministro sul-africano, e discutimos as relações bilaterais entre Moçambique e África do Sul a nível económico, sobre como podemos impulsionar e acelerar o desenvolvimento de Moçambique. Contamos brevemente ir a Macau e a Dubai para fecharmos o ciclo dos países ou dos continentes que escolhemos como estratégicos.
E no dia 22 de Novembro começa a edição 2017 do Fórum MOZEFO. Porque a escolha do “Conhecimento” como tema do fórum?
Nós achamos que o “Conhecimento” seria um tema apropriado para a segunda edição do MOZEFO, porque a competitividade de uma nação, aquilo que podemos chamar de grande vantagem competitividade e comparativa de uma nação, tem que ser aceite ou baseada no conhecimento. É evidente que o conhecimento por si só não é suficiente, é preciso que haja motivação e essa motivação tem que resultar em acções concretas, por isso é que lançamos o tema Conhecimento, Motivação, Acção, para um desenvolvimento económico sustentável.
Na primeira edição, vieram oradores de muito peso, entre nacionais e internacionais. Que perfil de oradores vai corporizar a edição de 2017?
Em termos de oradores, já temos confirmados oradores de relevo. Tendo em conta que o tema é “Conhecimento”, achamos que a universidade é a base principal para adquirir esse conhecimento. Obviamente, o conhecimento que se vai discutir no MOZEFO não é só o académico, é conhecimento muito mais amplo, mas achamos que a universidade é a base, por isso convidámos os reitores das várias universidades moçambicanas. Convidámos também algumas personalidades estrangeiras, como é o caso do antigo presidente do governo da Espanha, José Luis Zapatero, o antigo primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, o antigo vice-primeiro-ministro de Portugal, Paulo Portas, o antigo vice-primeiro-ministro das Maurícias, Rama Sithanen, o antigo presidente do México, Vicente Fox, a antiga presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, entre outros. Achamos que podem trazer a experiência de países estratégicos para Moçambique em termos do seu posicionamento e da adesão. Estratégico porque estão fora da caixa daquilo que é uma relação muito directa, Moçambique não tem uma relação directa com México, Costa Rica, mas esses países têm experiências, conhecimento que podem partilhar com Moçambique e que Moçambique pode aproveitar-se desse conhecimento para o seu desenvolvimento e para o seu crescimento. Também gostaria de repisar aqui alguns empresários nacionais e estrangeiros que vão estar também presentes e que convidámos para que possam agregar valor a essa conferência.
Como tem sido o nível de adesão das pessoas a esta segunda edição e quais os factores distintivos que vai ter face à primeira?
Nós já temos, neste momento, registados cerca de 250 pessoas para participar nos três dias do fórum, de 22 a 24 de Novembro, no centro de Conferências Joaquim Chissano, no salão do Hotel Glória. Desta vez, vamos terminar a conferência com um espectáculo musical, em que a figura de cartaz será o músico português Rui Veloso. Vai ser um espectáculo aberto ao público no dia 24 à noite, a partir das 22 horas. Vão estar igualmente músicos nacionais, tal é o caso de Moreira Chonguiça e muitos outros. Queremos projector o MOZEFO como economia, cultura, ambiente e tudo junto num único evento.
Que espaço terão o Governo, a CTA e outras organizações da sociedade civil neste evento?
Nós convidámos os membros do Governo para participarem, porque o Governo é um parceiro importante para nós. Já temos a confirmação de alguns ministros que vão estar no MOZEFO. Contamos também com a participação da sociedade civil. Na área empresarial, contamos também com o nosso parceiro CTA. O engenheiro Agostinho Vuma, presidente da organização, vai estar no painel de honra da abertura do MOZEFO. Isso honra-nos, mostra que o empresariado está empenhado e apoia esta iniciativa. Individualmente, vários empresários nacionais já começaram a inscrever-se.
“Mozefo Young Leaders” um fórum para os jovens
Vamos também lançar um projecto inovador que é o MOZEFO Young Leaders. Moçambique tem jovens na base da sua pirâmide etária. Achamos que os jovens é que são os líderes do amanhã, líderes empresariais, líderes empreendedores, líderes políticos, líderes na sociedade civil e, por isso, vamos lançar o projecto MOZEFO Young Leaders, onde cerca de 200 jovens, que estão a ser seleccionados, vão ter aquilo que nós chamamos de “masterclass”, um espaço de interacção com esses líderes nacionais e mundiais, bebendo a sua experiência e conhecimento sobre os desafios da juventude e os desafios dos jovens para um mundo do amanhã.