Patriotismo, patriota, seja lá como for, ambos são termos tratados de uma forma muito estranha no seio da sociedade em que vivemos.
Na escola ensinam sobre estes conceitos? O que sei é que se recomenda aos professores e demais agentes engajados na luta pelas causas sociais e patrióticas, a falarem sobre o assunto, de modo a levar ao aluno, à criança e população em geral, o espírito de “amor à camisola.” Estes ensinamentos são prioritários para qualquer que seja a nação.
Hoje, os moçambicanos, do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, vivem como se de abelhas se tratasse – só sobrevive quem for o primeiro a poisar na colmeia (de um mel, ora meio-docinho, ora muito amargo); uma colmeia que ninguém, antes, se preocupa em deixá-la em segurança ou com pouco de tal mel.
Hoje, os moçambicanos, negam-se entre si. Alguns dos nossos, filhos, primos, irmãos, sobrinhos, pais e avós, recusam-se, à todo o custo, de pertencerem à família, fazendo de tudo para que o famoso tecido nacional que, com pedra-à-pedra, construímos, caía num abismo de brasas ardentes. Tudo por nada. Absolutamente, nada. *Morre-se, mata-se e silencia-se, patrioticamente, o sentimento patriótico.*
Para não citar todos e me esgotar da pouca paciência que me resta, a ausência de valores é observada, por exemplo, no arrancar de almas humanas, assalto às instituições públicas, nas “corrupções” geradas sei lá por quem, já que existem acusações na busca dos culpados, na ausência de uma educação linear e na falência cultural da sociedade.
E por falar de instituições públicas, veio-me um dos prenúncios do saudoso Presidente da República Popular de Moçambique: “Para ser funcionário do aparelho de Estado, antes de tudo, é ser servidor do povo, os que revelem disciplina, competência, honestidade, sentido de responsabilidade, respeito e cortesia no trato com o público, pontualidade, espírito de aprender, o Estado, não pode ser o asilo dos incompetentes e dos inúteis, não pode ser o refúgio dos indisciplinados.”
Esta profecia do saudoso presidente, já nos é uma aula completa sobre o ser patriota – aquele que ama seu país e procura servi-lo da melhor forma possível. Então, o patriotismo vai se inclinar mais para um sentimento voluntário, unilateral, de amor e pertencimento. Revela a disposição de entrega à causa da pátria.
Entretanto, olhando para estas definições, fico nas lamúrias e nos escombros daquele tempo em que existiam realmente cidadãos dispostos a ver a sua nação unida.
Sinceramente, é uma lástima, ouvir nas conversas, por aí, que o país tem dono. Tudo é relegado aos que governam. Será mesmo porque acreditamos nisso ou são as nossas construções e experiências (negativas e/ou fracassadas) de um passado vivido de forma particular que nos ditam isso?
Analisemos com bom senso e, tomando em consideração os valores da nossa pessoa individual como membros desta pátria. Se generalizarmos as coisas, então, estragamos tudo.
Estragamos ainda mais quando fazemos da nossa pátria uma amante com intenções obscuras, individualistas e antissociais, ao invés de, pelo menos, acompanhá-la ao ritmo dos nossos passos. Ao invés de passarmos a gritar, de um lado para o outro, que a nossa Educação tá-se mal, mantermo-nos calados e trabalharmos em silêncio para reverter a situação com um espírito optimista e visão de um futuro promissor.