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Eventos severos causam prejuízos anuais de USD 100 milhões em infra-estruturas

Falando, ontem, numa reunião virtual com líderes mundiais, o Presidente da República disse que a Covid-19 veio agravar a situação económica do país e agudizar os efeitos das mudanças climáticas. Filipe Nyusi referiu ainda que, anualmente, o país tem um prejuízo de 100 milhões de dólares em danos em infra-estruturas causadas por eventos climáticos severos.

Mais do que estar causar efeitos severos e sem precedentes na Saúde pública, a COVID-19 está a ter efeitos catastróficos em outras áreas igualmente importantes para o desenvolvimento do país. No seu discurso, Filipe Nyusi descreveu a situação das mudanças climáticas em Moçambique como sendo preocupante.

“Os ciclones Idai e Kenneth que afectaram o país em 2019 são exemplos claros desses eventos extremos. Os dois ciclones causaram, em Moçambique, 689 mortes e impactos negativos equivalentes a mais de três biliões de dólares americanos. Recentemente fomos atingidos por três ciclones tropicais. A COVID-19 veio agravar ainda mais o impacto negativo no desempenho da nossa economia”, referiu Filipe Nyusi para depois recorrer a exemplos.

“O turismo que já era vulnerável aos desastres naturais, que destroem instâncias turísticas e diminuem entradas de turistas é o sector mais atingido, concorrendo para a redução do Produto Interno Bruto e atraso no cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. Nos últimos 20 anos, em média, o sector de infra-estrutruras tem sofrido danos de cerca de 100 milhões de dólares americanos por ano. Num cenário de exiguidade de recursos, agravado pela COVID-19, tivemos que concentrar investimentos na saúde e alívio económico e muito menos na resiliência e adaptação climática”, justificou.

Face ao agravamento da situação no país, Filipe Nyusi defendeu o alívio da dívida para que o país possa se reerguer num contexto em que o futuro continua uma incerteza.

“É imperioso, e com urgência, que se reverta o actual cenário, aumentado o volume de financiamentos para intervenções de adaptação, resiliência climática e recuperação da economia e da vida no pós-COVID-19, de modo a que voltemos aos caris nos nossos objectivos de desenvolvimento, a médio e longo prazos. Os financiamentos disponíveis no contexto da resposta à emergência da COVID-19, deveriam incluir também o alívio da dívida, apoio à liquidez orçamental e intervenções em relação à resiliência e adaptação às mudanças climáticas. A agenda de financiar as mudanças climáticas deve incluir programas específicos para induzir transformações transversais e sustentáveis na economia e ambiente, nas infra-estruturas e em áreas sociais como saúde, educação, água e saneamento, agricultura e produção de alimentos, criação de empregos e resposta às calamidades naturais”, defendeu o Chefe de Estado perante os participantes.

Na ocasião, Filipe Nyusi falou das acções que o seu executivo está a desenvolver para fazer frente aos efeitos cíclicos que vem afectando o país.

“Moçambique adoptou a estratégia nacional de adaptação e mitigação às mudanças climáticas até o ano 2025, um documento que estabelece diretrizes de acção para criar resiliência, reduzir riscos climáticos nas comunidades e na economia nacional, bem como promover o desenvolvimento com baixo carbono e a economia verde, através da sua integração no processo de planificação sectorial e local”

O evento virtual organizado pelo Banco Africano de Desenvolvimento contou com a participação do Secretário-geral das Nações Unidas, do Director-geral da Organização Mundial da Saúde, dos presidentes do Botswana, Gana, Quénia e Egipto, entre outras individualidades.

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