O Presidente da República, Filipe Nyusi, disse, esta semana, que a proliferação de bombas, em Sofala, está a propiciar esquemas de financiamento ao terrorismo em Cabo Delgado. Reunido em Conselho de Ministros, o Governo aprovou, ontem, uma estratégia para combater focos de financiamento ao terrorismo.
Filipe Nyusi esteve, esta semana, na província de Sofala, onde, entre várias actividades, dirigiu uma reunião conjunta dos conselhos de representação do Estado e executivo provincial. Foi lá onde o Presidente fez um discurso incisivo sobre o combate ao terrorismo no país.
O Chefe de Estado começou por esclarecer que não se opõe ao aumento de bombas de combustíveis no país, até porque “é o que queremos para o desenvolvimento do país”. O problema começa quando estas bombas adoptam práticas ilegais.
“Que usem meios legais para o pagamento de combustíveis; não exigir kesh. Se há máquinas para pagar, que a usem”, disse Filipe Nyusi, denunciando que há bombas que preferem que o dinheiro circule de mãos em mãos.
É esse o dinheiro que acaba por ser levado para financiar os terroristas. Não é uma informação especulativa, até porque “nunca falo coisas sem bases, não”, assegurou Filipe Nyusi.
Como solução, o Presidente da República apontou a fiscalização. “A Autoridade Tributária e o Ministério dos Recursos Minerais e Energia devem controlar isso. Proliferação, sim, para o desenvolvimento, mas, se for para branqueamento de capitais, não.”
Filipe Nyusi disse que essa é uma das razões pelas quais o país tarda a erradicar o terrorismo em Cabo Delgado. “Podemos estar a fazer tudo para combater o terrorismo, mas, se aparece alguém com dinheiro nessas dimensões, vai-nos atrapalhar; não conseguimos fechar o ninho da sustentação dessas pessoas.”
Ainda sobre o terrorismo, Filipe Nyusi disse que o grupo dos terroristas está enfraquecido e que está a recrutar na Tanzânia, porque os jovens moçambicanos não querem mais. Aliás, “nunca vimos nenhuma criança a voltar rica depois de ter sido recrutada pelos terroristas”, e Nyusi diz que os jovens de Cabo Delgado já sabem disso, por isso negam e outros entregam-se às autoridades, abandonando, desta maneira, as fileiras dos terroristas.
O Presidente mostrou-se, igualmente, preocupado com o contrabando no Porto da Beira, dizendo que há, lá, muita fuga ao fisco, o que tira, do Estado, dinheiro que seria usado para resolver problemas internos.
GOVERNO CRIA ESTRATÉGIA PARA COMBATER TERRORISMO
É, na verdade, uma sucessão de eventos relacionados ao terrorismo, que culminam com o lançamento da Estratégia de Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais, Financiamento do Terrorismo e da Proliferação Nuclear 2023–2027.
Na sessão do Conselho de Ministros da semana passada, o Governo lançou o alerta de que, em 2021, aumentou em cerca de sete mil milhões de Meticais, o dinheiro de operações financeiras suspeitas de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo no país.
Esta segunda-feira, em Sofala, o Presidente da República deu dados mais exactos, ao falar do uso de bombas de combustíveis para financiar o terrorismo.
E o porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suaze, assumiu que os pronunciamentos do Chefe de Estado, Filipe Nyusi, em Sofala, fazem parte de “uma reflexão permanente que o país tem vindo a fazer, de modo a conformar-se, não só com os interesses internos, mas também o cumprimento de uma série de colocações internacionais sobre o combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo”.
Esta terça-feira, em mais uma sessão do Conselho de Ministros, o Executivo aprovou uma Estratégia de Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais, Financiamento ao Terrorismo.
“A estratégia é um instrumento que visa contribuir, construir e manter um sistema financeiro nacional robusto através de adopção de medidas preventivas e repreensivas eficazes de actos de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, bem como da implementação efectiva dos padrões normativos internacionais, com uma contribuição para um sistema financeiro regional e internacional saudável.”
Além disso, o Governo decidiu tornar a Companhia Nacional de Canto e Dança em Instituto Público, com nova estrutura, atribuições e competências.