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Novos salários mínimos longe do desejado

Foto: O País

Já estão fechadas as negociações sobre o aumento salarial deste ano e o Conselho de Ministros deverá discutir na próxima sessão, que se realiza na terça-feira. Ainda não foram divulgados os números, mas os trabalhadores já adiantam que os aumentos não mudam quase nada no sofrimento da maioria laboral.

Hoje, os trabalhadores menos bem pagos em Moçambique recebem, mensalmente, 4.266 meticais. Este valor deverá aumentar no próximo ano mesmo, fruto dos novos acordo alcançados pela Comissão Consultiva do Trabalho, composta pela Organização dos Trabalhadores Moçambicanos – Central Sindical, Confederação das Associações Económicas de Moçambique e o ministério que tutela a área de trabalho.

Este sábado, a Comissão esteve reunida, em mais uma sessão, onde se passaram em revista todas as decisões que foram tomadas ao longo de mais de um mês de negociações. A ministra do Trabalho e Segurança Social, Margarida Talapa, revelou que “os valores percentuais encontrados para o reajuste dos salários mínimos por sector de actividade resultam de consensos fortemente ponderados, dado o momento económico e social específico que o país atravessa, caracterizado por baixo nível de produção e produtividade causada pela pandemia da COVID-19, das acções dos terroristas na zona norte do país e ataques armados no centro”.

Entretanto, consenso não é bem o nome que os trabalhadores dão ao que se teve nas negociações salariais na Comissão Consultiva do Trabalho. Aliás, eles explicam que neste momento a vida está muito cara e os números, em termos de salários, não dão sinais de melhoria de vida dos trabalhadores que recebem os salários mais baixos do país.

Ainda assim, os trabalhadores não se colocam alheios á situação geral do país, pelo que entendem que os aumentos aprovados, apesar de estarem longe do desejado, são os “possíveis”, tendo em conta toda a conjuntura.

“Todos nós sabemos que o custo de vida é bastante alto e os trabalhadores e toda a sociedade sentem-se apertados esse custo de vida. Portanto, os números que foram aprovados, foram os possíveis”, apontou Alexandre Munguambe.

E mais, alguns sectores, como o de hotelaria e turismo, sequer queriam negociar, alegadamente porque sua produção caiu ao pique devido aos efeitos da COVID-19. E é visível, basta pensar que as viagens e momentos de lazer foram reduzidos quase a zero de forma a conter a propagação do vírus.

Sobre estes sectores, até foram encontrados meios de negociar, mas nem tudo foi fechado. Neste caso, “é preciso que o Conselho de Ministros veja o que é possível dar a essas”, disse Munguambe.

Bom, os trabalhadores dizem se ter sentidos obrigados a aceitar grande parte daquilo que era oferecido pelos empregadores, até porque alguns sectores ameaçavam reduzir a massa laboral, caso lhes fosse imposto um aumento insustentável.

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