O País – A verdade como notícia

“Nós matamos o Cão-Tinhoso” publicado no Brasil

Os leitores moçambicanos conhecem muito bem a obra “Nós matamos o Cão-Tinhoso, de Luís Bernardo Honwana. Publicada pela primeira vez há 53 anos, o livro de estreia de Honwana ganha, agora, nova edição no Brasil pela editora Kapulana, acrescido do conto inédito “Rosita, até morrer” (1971), nunca antes publicado em livro.

O lançamento acontece na Semana da Consciência Negra, 37 anos após a primeira edição brasileira pela editora Ática, quando foi lido e relido por estudantes, professores, pesquisadores e apaixonados por ficção, tornando-se objecto de estudos e teses de mestrado e doutoramento.

“Nós matamos o Cão-Tinhoso” é considerado um clássico da literatura africana em geral não apenas por inovar a linguagem, inaugurando a moderna literatura moçambicana, “mas também por ser metáfora do enfrentamento ao autoritarismo e opressão impostos pela colonização portuguesa

sobre os negros”, escreve a editora Kapulana num comunicado enviado à nossa redacção.  

O volume é composto por sete contos: Nós matamos o Cão-Tinhoso!, As mãos dos pretos, Papá, cobra e eu, Dina, Inventário de imóveis e jacentes, A velhota e Nhinguitimo, além de Rosita, até morrer.

A obra foi traduzida para o alemão, espanhol, francês, inglês, sueco e teve várias edições no país e Portugal. Em 2002, foi classificada como um dos 100 melhores livros africanos do século XX.

Muitos dos contos são narrados por crianças e o Cão-Tinhoso do título foi descrito por estudiosos como uma representação do sistema colonial decadente, em vias de ser destruído, para o surgimento de uma nova sociedade purificada, sem discriminações de qualquer tipo.

Luís Bernardo Honwana nasceu em 1942. Cresceu em Moamba. Aos 17 anos foi para a capital estudar jornalismo e, aos 22, tornou-se membro da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

Devido à militância, foi preso em 1964 e permaneceu três anos na prisão. A primeira edição de “Nós matamos o Cão Tinhoso!” foi publicada no país nesse mesmo ano.

Em 1969, em plena guerra pela independência, a obra foi traduzida para o inglês com título “We killed mangydog and other Mozambique stories”, e conquistou reconhecimento internacional, sendo publicada em vários outros idiomas e países.

Após a Independência, em 1975, o escritor foi nomeado Director de Gabinete do Presidente Samora Machel, e participou activamente da vida política do país, sendo nomeado Ministro da Cultura de Moçambique em 1986.

Actualmente, é diretor executivo da Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND).

Este ano, lançou um livro de ensaios e crónicas de temática cultural e política, “A velha casa de madeira e zinco”.

Nós matamos o Cão-Tinhoso! é o único livro de ficção de Luís Bernardo Honwana.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos