O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy começa a ser julgado por corrupção e tráfico de influência a partir desta segunda-feira por alegadamente ter tentado obter, em troca de favores, relatórios confidenciais de um magistrado num caso envolvendo escutas telefónicas ilegais.
Nicolas Sarkozy refuta as acusações e afirma não ter pedido nenhum favor às autoridades monegascas para Gilbert Azibert, escreve a Euronews.
Segundo a TSF Rádio Notícias, o antigo chefe de Estado incorre a uma pena de até 10 anos de prisão e uma multa de um milhão de euros, se for condenado por corrupção ativa, à imagem dos outros dois arguidos: o advogado Thierry Herzog e o juiz reformado Gilbert Azibert, também acusados do crime de violação do segredo profissional.
O julgamento deverá durar três semanas, mas poderá ficar comprometida devido à ausência de um dos réus. Gilbert Azibert, não está em condições de comparecer no Tribunal Criminal de Paris, devido ao risco associado à COVID-19 e a audiência será suspensa durante a realização de uma investigação médica, segundo a nota da Euronews.
O caso tem origem noutro processo judicial que ameaça Nicolas Sarkozy: suspeitas de financiamento líbio para a sua campanha presidencial de 2007.
Neste contexto, os juízes decidiram em Setembro de 2013 colocar o antigo presidente sob escuta e descobriram no início de 2014 que ele estava a utilizar uma linha secreta sob o pseudónimo “Paul Bismuth” para comunicar com o seu advogado Thierry Herzog. Juntos, conversaram sobre a decisão que o Tribunal de Cassação estava prestes a tomar sobre a apreensão das agendas presidenciais, uma decisão esta relativa a outro caso, mas que estipularia se essas agendas podiam ser usadas noutras investigações envolvendo Nicolas Sarkozy.
As escutas telefónicas levaram os juízes a suspeitar que o ex-presidente e o seu advogado tentaram influenciar o juíz Gilbert Azibert, em troca de um cargo no Conselho de Estado no Mónaco.
O ex-presidente, agora retirado da política, enfrenta justiça noutros casos. Vai ser julgado por despesas ilegais feitas durante as eleições presidenciais de 2012, para além de ter sido indiciado num caso sobre o possível financiamento líbio.