Antes escritos e publicados no jornal, os textos são a compilação de pensamentos e análises feitas sobre a conjuntura criada pela pandemia da COVID-19 na vida das pessoas. Severino Ngoenha não embarcou sozinho nessa aventura… “aproveitou-se” dos saberes emprestados pelos seus companheiros que trabalham em diversas áreas para criar a obra lançada, ontem, em Maputo.
Trata-se de um livro que reflecte o pensamento de cada um deles (colaboradores) sobre a conjuntura criada pela pandemia da COVID-19: as transformações, as incertezas e os medos. Na verdade, tudo partiu de uma ideia que surgiu durante uma viagem feita pelos autores a Bilene, província de Gaza. Já lá entre “comes e bebes”, surgiu a primeira crónica de Severino que depois foi “cair” num jornal, um meio que não era habitual para o filósofo rotinado a publicar seus escritos em artigos científicos. E a experiência? Foi boa e, por isso, replicada através de outros textos.
No seu discurso, por ocasião do lançamento da obra, Ngoenha disse que o livro deveria chamar-se “Pensar em comum”, porque é fruto de evidências e pensamentos de todos que dele participaram.
“Fomos trabalhando de forma diversificada, mas sempre juntos. Partimos do princípio de que a gente sabe algumas coisas, mas há muita coisa que a gente não sabe. E, quanto mais aprendemos, mais sabemos que precisamos de aprender mais. E os colegas com os quais fui trabalhando, cada um deles com a sua especialidade, na sua sensibilidade, deu a cor e sabor ao livro que produzimos e que apresentamos hoje”, disse o filósofo.
Os textos foram, primeiro, publicados no jornal e, devido à pressão dos leitores, os textos deram corpo ao livro. “Esta oportunidade foi o acender de uma chama de esperança para sair do marasmo em que eu estava, por conta do desânimo criado pela pandemia. Espero que leiam o livro, comprem o livro e haja necessidade de impressão de novas edições”, revelou Carlos Carvalho que colaborou no livro.
Por seu turno, Eva Trindade, jurista que também participou na elaboração do livro, considerou que a pandemia veio a despertar fragilidades na sociedade global. “Antes da pandemia, falava-se de desigualdades que o mundo não assumia, não encarava, mas eram vividas por nós, pelos africanos. O vírus veio impor ao mundo que vivesse os mesmos problemas, veio mostrar que somos todos iguais. Por isso, foi uma experiência ímpar colaborar com o professor Severino Ngoenha”.
Para Giverage Amaral, a experiência de partilha foi enriquecedora para si. “Quando a pandemia chegou, éramos obrigados todos a ficar isolados, sem poder partilhar pensamentos, o calor humano. E esse convite para pensarmos juntos, fez com que pudéssemos partilhar, viver juntos e ignorar as nossas diferenças para a materialização deste objectivo. Este não é apenas um livro. Não nos sentamos e escrevemos palavras, houve discórdia, houve zanga, mas soubemos juntos construir algo – este livro – que é também fruto da generosidade”, defendeu.
Ao todo, participaram na obra Alcido Cumaio, Carlos Carvalho, Eva Trindade, Filomeno Lopes, Giverage Amaral, José Maria Langa, Luca Bussotti e Thomas Kesselring. O livro foi produzido com o apoio da Fundação Fernando Leite Couto. No final, houve assinatura de autógrafos para as mais de umas dezenas de pessoas que estiveram na Fundação para testemunhar o momento.