Mateus Magala diz que nenhuma companhia aérea reputada da Europa e do Médio Oriente aceitou ser parceira ou investir nas Linhas Aéreas de Moçambique. Quanto à Tmcel, o ministro dos Transportes e Comunicações avançou que esta está pior que a LAM em termos financeiros e que ainda este mês será anunciado o seu destino.
Nesta ida do Governo, hoje, ao Parlamento, as três bancadas coincidiram em querer saber a situação financeira das empresas LAM e Tmcel, na sequência das intervenções anunciadas recentemente para recuperar as mesmas. Mateus Magala descreve a LAM como uma empresa em colapso.
“A LAM tem um rácio de endividamento em relação ao capital próprio de 9,3. Isto significa que o negócio é financiado em mais de 90% através de dívidas, cifra que representa o dobro da média global. A dívida não reestruturada manterá a companhia aérea a perder cada vez mais por ano. No ano passado, a LAM comunicou perdas na ordem de USD 74,6 milhões. A empresa mantém nove milhões de dólares em impostos diferidos. A situação é tão grave que tem tido dificuldades de pagar os benefícios de pensão para o pessoal, desde 2019. Na componente comercial, a política de preços assenta-se no volume reduzido e em tarifas elevadas, o que torna as tarifas da LAM muito caras e consequentemente elitistas. Deste modo, a LAM não tem conseguido implementar a visão do Governo de estimular a procura através da criação de tarifas baixas e atractivas”, descreveu o ministro dos Transportes e Comunicações.
A procura de parceiros do Médio Oriente e Europa para a LAM redundou em fracasso. “Contactámos companhias aéreas de reputação mundial e todas elas não mostraram interesse. Como temos vindo a referir, a avaliação da LAM decorre numa altura em que a situação da empresa continua a degradar-se, impondo-se o desafio imediato de estabilizar a companhia para evitar perdas progressivas. Esta acção proporciona mais tempo para se poder rever todas as questões levantadas na avaliação feita e determinar com mais certeza o futuro da LAM”, realçou o ministro.
A empresa sul-africana, Fly Modern Ark, escolhida pelo Governo, em Abril último, para gerir a LAM, vai apresentar o primeiro relatório ainda este mês. Aqui, Magala quis rebater a ideia de que esta empresa não tem experiência na gestão de uma companhia aérea.
Por outro lado, o diagnóstico feito a Tmcel é de uma empresa sem capacidade de concorrer no mercado. “A situação financeira da Tmcel é muito mais complexa que a da LAM. A Tmcel perdeu capacidade de honrar com os seus compromissos no mercado, em alguns casos incluindo salários dos seus muitos trabalhadores. A empresa transporta uma dívida global acumulada elevada de mais de 400 milhões de dólares com tendência a agravar-se”, revelou o governante.
Magala disse ainda que a Tmcel está a perder rapidamente a sua quota de mercado. A sua receita está em progressivo declínio, opera num ambiente altamente concorrencial, com uma reputação e percepção dos clientes sobre a marca a deteriorar-se progressivamente.
Ao nível tecnológico, a Tmcel usa uma plataforma desactualizada e de vários fornecedores, levando a custos operacionais e de manutenção muito altos. Quase todo o hardware e software não são mantidos como deve ser, estão no fim da sua “vida útil” e sem qualquer suporte do fornecedor.
Tal como procedemos com a LAM, o ponto de partida foi encomendar uma avaliação detalhada para melhor intervenção. O relatório também conclui que a empresa tem grandes desafios que, se não forem devidamente endereçados, pode estar à beira de um caminho sem retorno, o colapso e a insolvência.
O relatório apresentou várias sugestões de intervenção, considerando que a mais aplicável seria encontrar um parceiro do capital social estratégico, isto é, uma operadora multinacional de telecomunicações. No entanto, a sua viabilização passa por vender um mínimo de 80% das acções e o Governo assumir todas as dívidas e empréstimos da Tmcel e reduzir a força de trabalho em 60%.
Foi criada uma comissão de gestão da Tmcel que ainda este mês vai anunciar o seu destino.
A Tmcel resulta da fusão das empresas em dificuldades financeiras Mcel e TDM, em 2016, após decisão do Governo.
CORREIA DIZ QUE É PRECISO MELHORAR SEGURANÇA NUTRICIONAL
Celso Correia diz que os 90 por cento da população que tem três refeições por dia consegue apenas satisfazer as necessidades calóricas e não as nutricionais recomendadas pelas autoridades de saúde. O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural respondia às perguntas feitas no Parlamento.
Uma vez mais, a questão das três refeições por dia a que 90 por cento da população moçambicana tem acesso, segundo o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, foi tema de debate, desta vez levantada pela bancada da Renamo, durante a sessão de perguntas ao Governo, ao que descreve de “imaginação bastante criativa”.
Em resposta, Celso Correia reiterou que apenas 3,3 milhões dos moçambicanos, o equivalente a 10%, devem recorrer a estratégias de emergência para se alimentarem.
Já os 90%, Correia esclarece que correspondem ao número de pessoas que conseguem apenas satisfazer as necessidades mínimas calóricas e não nutricionais, com três refeições.
Sobre o Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS), Correia diz que já beneficiou mais de 2,4 milhões de famílias com Direitos de Uso e Aproveitamento de Terra das cinco milhões previstas.
Por seu turno, Carlos Mesquita disse que será lançado este mês o concurso público que visa a reabilitação da Estrada Nacional Número Um.
Max Tonela respondeu a pergunta sobre as altas tarifas de água no país. Quanto à tarifa de energia, o ministro da Economia e Finanças disse que há quatro anos que não registam alteração.