Afinal, não foi criado nenhum centro de acomodação para as vítimas das inundações na cidade de Maputo. A assistência às famílias, a que a edilidade fez referência, era a alocação de motobombas escoar a água estagnada em algumas residências.
O grito de socorro é recorrente a cada vez que chove torrencialmente. E, na semana passada, não foi diferente. O Conselho Municipal da Cidade de Maputo disse, entretanto, que ouviu o clamor das vítimas das inundações urbanas e não ficou de braços cruzados.
“Estão a ser socorridas essas pessoas. Nós estamos a trabalhar com o INGD, temos um pelouro de Acção Social que sempre que isto acontece arregaça mangas e, agora, que estamos a falar há equipas no terreno que estão a dar apoio a estas famílias”, revelou Silva Magaia, porta-voz do Conselho Municipal de Maputo, na passada quinta-feira, 21 de Abril.
Questionado sobre se a edilidade tinha aberto alguns centros de acolhimento, Silva Magaia respondeu nos seguintes termos: “Sim [temos centros abertos], mas não tenho a lista desses locais”.
Silva Magia não tinha a lista dos locais porque, efectivamente, os centros sequer existem.
“Até ao momento, não verificada a necessidade, em termos de impacto, de abertura de centros de acomodação a nível da cidade e temos estado a fazer um trabalho muito próximo das famílias para verificar o impacto e garantir que a solução da sucussão possa ser direcionada para os locais onde a quantidade de água é muito elevada”, afirmou Alice de Abreu, contrariando a informação e Silva Magaia.
O porta-voz do Município e a vereadora de Saúde e Acção Social trabalham na mesma instituição e falam sobre o mesmo problema, mas parecem estar desarticulados nas suas declarações.
Até houve retirada de famílias dos bairros mais inundados, mas não para os centros de acomodação, pois estes não foram abertos. “Fez-se assistência àquelas famílias que, por conta das chuvas, não era possível permanecerem nas suas residências. Uma parte dessas famílias preferiu acomodar-se em casas de familiares e outras, de forma temporária, enquanto se fazia a sucussão das águas, foram alocadas em alguns locais, quer seja em círculos e secretarias dos bairros ou em escolas”, esclareceu Alice de Abreu.
O escoamento das águas estagnadas é, se calhar, a única assistência directa prestada pela edilidade. Todavia, não é feita em simultâneo nos bairros inundados.
“Fizemos assistência às famílias através do bombeamento da água, quer por motobombas ou por camiões cisterna colocados a nível dos distritos municipais para que pudessem minimizar os impactos das chuvas a nível das famílias”, disse a directora municipal da Saúde e Acção Social, acrescentando que a Cidade de Maputo tem 63 bairros “e a capacidade instalada não é suficiente para responder prontamente de forma abrangente no mesmo dia a todos estes bairros”.
O Conselho Municipal da Cidade de Maputo identificou 84 famílias que, ciclicamente, são afectadas pelas inundações e o seu reassentamento é urgente. “O que nós temos verificado nesse processo de negociação com as famílias é que a preocupação é levantada durante o período da chuva em que nós fazemos esse levantamento, indicou Alice de Abreu, chamando à atenção para o facto de “quando vamos trabalhar para retirar as famílias para zonas seguras que já foram identificadas, quer seja do distrito municipal da KaTembe ou fora, na província de Maputo, as famílias não se mostram disponíveis para saírem para estas zonas, mas a preocupação é levantada quando estamos dentro da época chuvosa”.
Ao todo, na Cidade de Maputo, cerca de 1.800 famílias foram afectadas pelas inundações, sendo os distritos municipais de Chamanculo, KaMavota, KaMubukwana, KaMaxaquene os que mais se ressentiram do impacto da última chuva. E todos os anos tem sido assim.
Duas casas foram parcialmente destruídas nos bairros de Inhagoia e Hulene.