Não há voleibol de sala na Cidade de Maputo. Há cinco meses que não se realiza nenhuma competição. Os atletas sentem-se prejudicados por isso, tendo em conta que este ano terão de participar em competições internacionais.
Cinco meses de longa espera. Os pavilhões da cidade de Maputo há muito que não recebem jogos de voleibol de sala. Tudo está parado e ninguém sabe ao certo quando é que as coisas voltarão à normalidade.
Os atletas até vislumbram a luz, apesar de não saberem o que o futuro lhes reserva. Não têm a certeza do futuro, mas imaginam as suas consequências, que garantem serão nefastas para a modalidade.
“O atleta vive de competições. Estamos a atravessar um momento muito triste. Desde que eu comecei a jogar nunca tinha visto uma paragem tão longa como esta, tirando que a que foi forçada por conta da COVID – 19”, diz Carlos Acácio, atleta da Académica de Maputo, emblema que no ano passado conquistou o “africano” de vólei de sala, tanto em masculinos, assim como em femininos.
Para Aldevino Nuvunga, também atleta da Académica de Maputo, a falta de competições na cidade de Maputo revela a falta de organização dos que estão à frente da modalidade.
“Estamos numa fase em que realmente aprendemos o quão quando o desporto tem falta de direcção pode custar caro, sobretudo aos atletas, os quais estão habituados a competir”, considera. O mesmo sentimento é partilhado por Idelso Chongo, que à semelhança dos seus colegas, não encontra nenhuma explicação para a letargia da modalidade na capital do país.
“Cinco meses sem competições é um tempo longo para um país que sempre procurou representar-se da melhor forma possível nas provas internacionais. Ao nível da Zona VI somos uma referência, tanto em clubes, bem assim na selecção nacional. Somos, inclusive, campeões em título”, lamenta Chongo.
A factura da falta de competições de voleibol de sala poderá ser cara, num contexto em que a nível de clubes e selecção, o país terá de participar em várias provas qualificativas, desde logo a corrida para o “africano” de clubes e do combinado nacional. Os atletas antevêem muitas dificuldades nessas competições.
“Temos competições africanas, em que os adversários não vão olhar para o cenário nacional. Ou seja, não vão querer saber se nós estávamos a competir ou não. E mais, essas provas vão acontecer nas datas programadas. Vamos chegar a essas competições sem rodagem, o que será prejudicial para nós”, explica Carlos Acácio. Aldevino Nuvunga considera também que o país sai a perder com a falta de provas.
“Temos um ano muito atípico, pois temos qualificações para o “africano”, Zona VI e mundial. Até este momento não estamos a competir, facto que poderá ter suas implicações”, diz.
“Teremos atletas com falta de ritmo para essas competições. Isso vai contribuir negativamente para a nossa prestação e, acima de tudo, para o alcance dos nossos objectivos”, considera Idelso Chongo.
ASSOCIAÇÃO DESGOVERNADA
A Cidade de Maputo está sem competições desde o desaparecimento físico da presidente da Associação do Voleibol. A agremiação está, neste momento, sem direcção. Desde esse fatídico acontecimento tudo está parado e a associação não tem “voz” de comando.
Os atletas consideram que é preciso encontrar uma saída, pois a modalidade é que sai a perder. Consideram ainda que, caso seja possível, é preciso que se elejam outros corpos directivos, tendo em vista salvar a modalidade.
“Não há quem nos diga algo sobre o que está a acontecer. Sabemos, porém, que a associação está sem direcção. A nossa presidente deixou um vazio enorme, pois com ela o voleibol andava na cidade de Maputo”, lamentam os atletas.
Enquanto as competições não acontecem, os clubes da capital vão treinando sem horizonte. De quando em vez, os mesmos têm feito jogos entre eles como forma de manter a forma.
“No voleibol todos somos uma família. Não há rivalidade entre nós, daí que temos tentado, à nossa maneira, movimentar a modalidade. Trata-se de algo que gostamos e que faz parte das nossas vidas”, afirma Carlos Acácio.