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“Não encontro no país condições para resposta inovadora e nem renovada esperança”

O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) diz que não encontra condições para “resposta inovadora e nem renovada esperança”, contrariando o posicionamento do Presidente da República na Assembleia da República. Daviz Simango começou por criticar o facto de as bancadas parlamentares não colocarem perguntas ao Chefe do Estado.

“É uma amputação à democracia, retira o direito do cidadão de cultivar a cidadania e a participação democrática, bem como melhoria na participação dos eleitores em processos eleitorais. Por isso, é necessário o diálogo entre o Chefe do Estado e os eleitos, de modo a dissipar dúvidas sobre a matéria apresentada”.

Daviz Simango, que falava numa conferência de imprensa convocada para reagir ao informe anual. Sobre a descentralização, disse que “esperava ouvir como o Chefe do Estado vê” o que considera “geringonça imposta às duas instituições, Secretariado de Estado” e o Governo Provincial. “Como se admite que até à data não estão definidas as políticas financeiras nem o regime financeiro”.

Além de edil da Beira, Daviz Simango é membro do Conselho do Estado. Na sua opinião, o processo do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens residuais da Renamo “continua lento e não ouvimos as razões” disso, “nem das condições a que os nossos compatriotas estão sujeitos para sua integração social”.

O político considerou ainda que há falta de transparência no dossier, cuja discussão “ignora actores”, o que “proporciona sofrimento na zona centro. Reiteramos o nosso apelo para que não se despreze nem ignore a violência” em Manica e Sofala.

“É preciso criar caminhos exequíveis para o diálogo e não demagógicos, pois basta de sofrimentos por causas que são de domínio público. É preciso terminar com a prática de intimidação dos desmobilizados que ao fim do dia são vítimas de raptos e assassinatos. Não se pode dizer que os actores dos raptos sejam indivíduos desconhecidos”, afirmou Daviz Simango.

Relativamente ao terrorismo em Cabo Delgado, para Daviz Simango o grupo “procura ocupar territórios e quebrar a nossa soberania. É preciso treinar militarmente, psicologicamente, tecnicamente e assegurar logística em todos campos, bem como aperfeiçoar os princípios de direitos humanos”.

MDM QUEIXA-SE DE BIPOLARIZAÇÃO POLÍTICA

O presidente do segundo maior partido da oposição no país acrescentou que esperava ouvir do Chefe do Estado o porquê do “regresso à bipolarização política” na selecção dos membros da sociedade civil para a Comissão Nacional de Eleições (CNE).

No seu entender, a forma como o processo foi conduzido na terça-feira, pelo Parlamento, pode ser um sinal de “exclusão dos cidadãos livres das amarras do regime”, bem como “negação da existência da terceira força política parlamentar” por “partidos politicamente armados. O retorno à bipolarização significa vulnerabilidade da nossa democracia”.

COVID-19 E SITUAÇÃO ECONÓMICA

O país precisa de manter as medidas preventivas, mas também criar condições para que os cidadãos “sejam devidamente protegidos. Esperava ouvir qual foi o impacto da pandemia na nossa economia e vida social dos moçambicanos”.

“A economia de Moçambique continua a atravessar uma grave crise que afecta a sociedade e as instituições”, sendo um dos indicadores “a grande dívida pública, a ausência de emprego e a falta de liquidez”. Estes factores originam “pobreza e crescentes desigualdades” devido a “políticas económicas e públicas e opções governativas não ajustadas à realidade e erradas”, disse Simango.

Para o presidente do MDM, enquanto houver problemas como “guerra da fome, miséria, injustiça social, analfabetismo, ausência dos cuidados primários de saúde, odeio, exclusão, discriminação (…), não teremos paz nem boa qualidade de vida. Portanto, nestas condições ainda não encontramos resposta renovadora e nem renovada esperança”.

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