Ferroviário de Maputo recuperou, ontem, o estatuto de campeão da cidade de basquetebol em seniores femininos ao derrotar o Costa do Sol (55-45) no jogo 2 do “play-off” da final do Campeonato da Cidade de Basquetebol em seniores femininos, fazendo o 2-0 na série a melhor de 3 jogos. Silvia “Naná” Veloso e Cecília “Cecy” Saene foram os destaques do Ferroviário de Maputo. Marques da Conceição Abdala, Artur César de Castro Bandeira e Almirante Dimas com nota elevada no jogo que dirigiram!
Manteve-se, em meio a incertezas, a tradição no historial de jogos decisivos entre o Costa e Ferroviário de Maputo. Não foi preciso, tal como nas finais dos útimos anos, recorrer a uma decisão na negra para se encontrar o campeão da cidade de basquetebol em seniores femininos. Sempre foi um 2-0 a arrumar os jogos decisivos.
No pavilhão da Universidade Eduardo Mondlane, com o barulho ensurdecedor da activa claque “wataxanisseca”, e suporte nas bancadas ao Ferroviário de Maputo por parte das retiradas Deolinda Mulói Gimo e Rute Elias Muianga, e apoio ao Costa do Sol dado pela equipa sénior masculina que disputa a Liga Moçambicana de Basquetebol, estava criado um ambiente para uma final de “loucos” e equilibrada. O primeiro quarto desmentiu esta previsão. É que, pressionado a vencer para forçar o jogo 3, o Costa do Sol entrou com uma abordagem agressiva defensivamente, condicionando o Ferroviário de Maputo nos seus ataques. Trocas defensivas e corte das linhas de passe foram a arma.
Sem vigor no jogo interior, tal como teve no jogo 1, Odélia “Mafa” Mafanela falhou várias situações para cesto fácil. O Costa do Sol, mais esclarecido ofensivamente, fugiu para 12 pontos no final do primeiro quarto: 17-5. Forte no 1×1 (um para um), Eleutéria “Formiga” Lhavanguane “partia” a defesa homem a homem do Ferroviário de Maputo que permitiu situações de penetrações pelo corredor central. Na zona dos 6, 75 metros, “Formiga” apareceu também a atirar sem contestação dos seus lançamentos.
Ramiro Langa, homem ferrenho das causas do Ferroviário de Maputo, mostrava-se, como sempre, irriquieto nas bancadas. Mais sereno, do outro lado do pavilhão, Delfino Aleluia, “locomotiva” de alma e gema, vivia atentamente o jogo! Jeremias da Costa, presidente do Costa do Sol, esfregava as mãos de contente, afinal, desenhava-se mais uma conquista para o basquetebol sénior feminino “canarinho” diante do maior rival. O mesmo se pode dizer de Miguel Guambe, “coach” da equipa masculina do Costa do Sol, que “torcia” pelo clube.
Nasir “Nelito” Salé, apoiado igualmente pelos sobrinhos nas bancadas, tinha que convocar os manuais de basquetebol para ir buscar o resultado!
Ademais, evitar, uma vez mais, que o CFvM caísse aos pés do Costa do Sol. Foi o que fez, lançando o segundo cinco para a quadra: Benezita Muchava, base para assumer a organização do jogo, Stefânia “Papelão” Chiziane (com boa capaciade de jogar um para um), Cecília “Cecy” Saene e a sua amiga Ana Jaime, e Ornília Mulhui.
Um tiro de Benezita Muchave espevitou a equipa verde-e-branca! Cecília “Cecy” Saene teve que recorrer a sua experiência para desequilibrar na zona restritiva. Defendia melhor o Ferroviário de Maputo, o Costa do Sol bloqueou.
Aliás, as actuais campeãs nacionais denunciaram uma crise de raciocínio, sobretudo, na armação do seu jogo fruto da pressão defensiva das “locomotivas”.
Mas mais do que isso, o conjunto de Leonel “Mabê” Manhique e Marvin Cossa não teve capacidade para fazer, de forma como se recomenda, as saídas sobre pressão. Passes longos e evitar sair em dribbles!
De resto, com uma pressão a todo campo, o Ferroviário de Maputo forçou o Costa do Sol a cometer muitos “turnovers”.
Vezes sem conta, Carla Covane viu-se à nora ao ter que transporter a bola. O CFvM foi buscar o resultado, o Costa do Sol deixou de ser eficaz no jogo exterior e interior. Apareceu, em bom momento, Ana Jaime a lançar uma “bomba” e a colocar o resultado em 22-21, vantagem para o Costa do Sol. No jogo interior, Cecilia “Cecy” Saene desequilibrou e fez dois pontos que permitiram o Ferroviário de Maputo a passar para a frente do marcador: 23-22. Inspiradissímia, Benezita Muchava foi carter na zona dos 6, 75 metros colocando o marcador a indicar 26-22, no final do segundo quarto. Objectivamente, o Costa do Sol baixou a sua pontuação, contabilizou apenas cinco pontos neste quarto contra 21 do Ferroviário de Maputo.
Em “equipa que ganha não se mexe”, diz a giria desportiva. O professor Nelito acenou positivamente para esta giria, ciente, claramente, que o primeiro cinco havia “bloqueado” e havia necessidade de rodar a equipa.
Silêncio total nas hostes “canarinhas”, o Ferroviário entrou para o terceiro quarto com o mesmo cinco que terminara o segundo. Muito bem a defender, e com clarividência ofensiva ao nível do jogo interior, o conjunto de Nelito fez, com 7:49 por se jogar no terceiro quarto, uma vantagem de nove pontos.
O Costa do Sol fez os ajustes defensivos, passou a condicionar o seu adversário que não conseguiu evitar que as “canarinhas” passassem para frente do marcador. A jogar com duas postes, nomeadamente Carla Covane e Nilza Chiziane, o Costa do Sol ganhou a luta das tabelas, Nelito pediu um “time out” e voltou a apostar num cinco composto por Odélia Mafanela, Anabela Cossa, Rosa Cossa, Dulce Mabjaia e Silvia “Naná” Veloso.
No final do terceiro quarto, o Costa do Sol vencia por 4 pontos: 42-38. Francisco “Chico” da Conceição, homem do basquetebol e com ponto alto da sua carreira como “coach” a ser o Campeonato Africano de Clubes conquistador ao serviço da Académica, analisava o jogo na prosa que mantinha com Hélder Amiel, secretário-geral da Associação de Basquetebol da Cidade de Maputo que tem dado o seu melhor mesmo com clubes que não pagam taxas e mesmo assim querem jogar!
O quarto quarto foi controlado pelo Ferroviario de Maputo. Com Silvia Veloso a evidenciar-se nos ataques em posição (foi a melhor cestinha com 12 pontos) e um tiro em momento de aperto no marcador, o Ferroviário de Maputo ganhou uma vantagem de quatro pontos. O Costa do Sol deu luta, mas Ingvild Mucauro e Eleutéria Lhavanguane deixaram de influência na quadra e pontuar.
A equipa ressentiu-se! Os dados estatisticos são claros: Costa do Sol contabilizou apenas três pontos no derradeiro quarto, contra 17 do Ferroviário de Maputo.
Sem sombra, Cecília “Cecy” Saene abriu o livro ao desequilibrar no jogo interior. Com 2:23 por se jogar, e com o marcador a indicar 48-45, vantagem para o Ferroviário de Maputo, Silvia Veloso “matou” o jogo com dois tiros exteriores. As “locomotivas” passaram a fazer ataques mais pausados, explorando os 24 segundos. Leonel Manhique tinha, para inverter o cenário, que apostar no jogo exterior. Eliana Ventura não foi a solução. O Ferroviario de Maputo controlees o jogo! Recuperou o título de campeão da cidade. Por isso, Silvia Veloso e Cecilia Saene são as jogadoras mais valiosas deste jogo 2.