No interrogatório da 19ª sessão do julgamento do “caso dívidas ocultas”, na Cadeia de Máxima Segurança da Machava, na província de Maputo, Naimo Quimbine começou por dizer que não sabia o que era associação para delinquir e branqueamento de capitais, crimes que lhe são imputados. “Ouvi que me beneficiei de dinheiro. Não me beneficiei. Eu recebi cheques, levantei dinheiro e fui entregar o valor a quem me mandou, porque sou funcionário e estafeta da Africâmbios”, disse Naimo Quimbine.
Entretanto, o Juiz não deixou passar a “confissão” de Naimo Quimbine sem questionar. Efigénio Baptista perguntou-lhe por que não perguntou ao seu advogado os significados de associação para delinquir e branqueamento de capitais, crimes que lhe são imputados. Da pergunta do Tribunal, não surgiu uma resposta esclarecedora. Assim sendo, o Juiz procurou saber se Naimo Quimbine conhecia a empresa M-Moçambique Construções e Fabião Mabunda. Às duas perguntas, respondeu negativamente, embora, de seguida, tenha dito que conhece o réu de vista na empresa Africâmbios.
Durante o interrogatório, na Cadeia de Máxima Segurança, Naimo Quimbine falou depois de Simione Mahumane, seu colega na Africâmbios, tendo dito que retira o que dissera na Procuradoria-Geral da República, porque estava a chorar e nervoso, quando deu a sua declaração. Disse que não se lembrava do que disse na Procuradoria-Geral da República, na altura da audição, mas, ainda assim, retirou as suas afirmações, alegando que, no referido dia, estava muito nervoso. O Juiz quis saber por que se distanciava de coisas de que não se lembrava. Quimbine ficou sem resposta.
Nesta 19ª sessão do julgamento do “caso dívidas ocultas”, Naimo Quimbine afirmou que não sabe que tipo de relações Khessaujee Pulchand tem com Fabião Mabunda e que não desenvolveu nenhuma relação de amizade com o antigo funcionário da empresa onde ainda trabalha.
Naimo Quimbine é funcionário da Africâmbios desde 2003 e é acusado de ter levantado 11 cheques da M-Moçambique Construções, que totalizam a quantia de 5 682 907 meticais. Naimo Quimbine admitiu que recebeu os cheques em causa no banco, embora não se recorde de quem lhe ordenou para os levantar, tendo entregado a quem lhe mandou na sua empresa. Sobre se tem como provar a sua afirmação, Quimbine disse que não assinou nenhum documento. Recebeu cheques dos colegas do caixa e cumpriu a sua função de estafeta.