Munícipes da cidade de Maputo estão contra o agravamento das taxas dos cemitérios. Segundo defendem, os valores são muito elevados e vão de encontro ao rendimento da maioria dos cidadãos.
O Município de Maputo anunciou, há dias, que passará a ser mais “caro” enterrar os entes queridos na capital do país. Os munícipes ouviram e não gostaram das medidas, uma vez que as taxas aumentam a partir de 200 por cento.
As redes sociais viraram palco de debate sobre o assunto e os munícipes têm manifestado a sua total discórdia em relação aos valores anunciados.
“O País” encontrou Victoria Manjate no cemitério de Michafutene, aonde foi alusivo ao enterro de um ente querido e disse que, primeiramente, achou elevadas as taxas para a regularização de campas e jazigos.
“Tenho mais de 10 parentes enterrados neste cemitério e tenho de pagar 1500 meticais para cada campa, isso é muito. De onde vou tirar esse valor todo?”, questionou a munícipe.
E, após tomar conhecimento das novas taxas que serão aplicadas para o enterro e organização de campas, diz que o seu desagrado perante a situação só piorou.
“Isto é pior do que já estava. Muitas vezes, as infelicidades acontecem em momentos inesperados, ou depois de alguém adoecer muito e gastarmos todas as economias para curar a doença e, quando perde a vida, já não temos nada, mas temos de tirar o valor de algum lado, onde? Esses valores são um absurdo”, concluiu
Enquanto uns acham absurdo, outros consideram que o valor não foi pensado tendo em conta o bolso dos cidadãos, como defende Albino Luís.
“Às vezes, os nossos dirigentes tomam decisões pensando apenas neles; esses valores são elevados e os munícipes não têm uma capacidade de renda que justifique esse valor. Ainda que as despesas do Estado sejam justas, é preciso ter em conta a capacidade do povo”, opinou Luís.
Victoria Luís, outra munícipe, vai mais longe e acusa o município de estar a aproveitar o momento actual, em que tende aumentar o número de óbitos, para ganhar dinheiro.
“Estamos num momento de Coronavírus, em que muitas pessoas estão a morrer muito. Por que é que só agora decidiram aumentar esses valores? Não é porque estão a ver tudo isso? Querem ganhar dinheiro às custas das pessoas que morrem. Além disso, muitos perderam emprego, não há dinheiro, nem aumento de salário há dois anos e hoje dão esta informação”.
Almiro Chembene diz que, se a justificação para agravamento das taxas é organizar os cemitérios, a iniciativa é bem-vinda, mas tem dúvidas da sua efectivação.
“Se quiserem melhorar os cemitérios, optimo! Mas, eu imagino que isso não vai mudar nada, os cemitérios estão de qualquer maneira, há capim, campas vandalizadas, não há nenhuma segurança, então, já que eles decidiram, que cumpram com a palavra”, sugeriu o munícipe.
As taxas dos cemitérios são agravadas 10 anos depois e a decisão foi tomada e aprovada na última quarta-feira, durante uma sessão da Assembleia Municipal.