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Mulheres líderes moçambicanas partilham “dicas” para o sucesso profissional

Foi com o objectivo de partilhar experiências de lideranças femininas que mulheres de Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Brasil e Guiné-Bissau estiveram reunidas durante dois dias em Maputo, na Cimeira de Mulheres Líderes Moçambicanas.

No último dia do encontro, esta quinta-feira, um dos assuntos que mereceu destaque foi “Como equilibrar objectivos pessoais e profissionais”. Para discutir em torno do assunto, subiu ao pódio Hélia David, Administradora da Fundação SOICO, que na sua intervenção defendeu que o sucesso de um empresário provem de coisas pequenas que começam muito cedo e que ignoramos, mas que depois se reflectem na nossa vida profissional. Dentre os aspectos citados pela administradora da Fundação SOICO, destaque vai para o ambiente familiar onde a pessoa cresce e saber perdoar.  

“Nós mulheres temos muitas palavras na nossa boca. E nunca controlamos as nossas palavras, principalmente com os nossos filhos e muita gente já não atinge o sucesso porque já foi amaldiçoado através das palavras dentro de casa. Temos que aprender a perdoar. Temos que aprender a nos perdoarmos. Uma pessoa que não sabe perdoar fica na condenação. Temos que aprender a libertar o perdão porque se não aprendemos isso dentro de casa não será na empresa”.

A cultura foi, igualmente, apontada como um dos pontos que, além de ser uma identidade, constitui um entrave para o sucesso da mulher. Segundo Joana Matsombe, no contexto africano, a mulher é aquela que não pode ir trabalhar, devendo ficar em casa a cuidar dos filhos e dos afazeres domésticos, facto que a nossa interlocutora concorda, mas “nesse contexto cultural como nosso é preciso saber negociar. Não pensem que eu consegui aquelas coisas porque meu marido era pera doce. Ele não era, mas é preciso saber negociar. Temos que sempre conseguir levar a melhor. É preciso saber negociar com o marido e com a família já que a nossa família é alargada”.

Apesar de o painel ter se predisposto a falar sobre “como equilibrar os objectivos pessoais e profissionais”, o empoderamento financeiro da mulher não passou despercebido no calor das discussões até porque este constitui uma maior preocupação para o homem. Contudo, as painelistas afirmam que esta questão não podia tirar o “sono” aos homens, pois pode ser revertido a favor do homem e da própria família.

Assim sendo, de acordo com Joana Matsombe, “a família tem que estar unida sobre todos os aspectos. Unir os esforços. A capacidade financeira e isso tudo para o bem da família. É preciso saber capitalizar esta sorte de haver um poder financeiro no meio da família e usa ? lo como deve ser e não para atirar se uns aos outros. Ora porque eu é que banco é banco porque faço isto ou aquilo porque no final do dia os benefícios são para família”.

Entretanto, não basta que de dia para noite a família queira que o empoderamento financeiro da mulher seja usado a favor da família, tudo tem de começar da base, neste caso o namoro, como indica a Administradora da Fundação SOICO.

“Aquilo que é importante tem que se começar a tratar na fase do namoro não é no casamento. Até pode ser possível resolver, mas vai ser difícil, mas se nós formos construindo isso durante o namoro, no casamento vai ser fácil. Então a conversa é muito importante. Hoje em dia não se conversa não se fala. Estamos sempre nas redes sociais e fica um pouco mais complicado”, explicou a administradora da Fundação SOICO, Hélia David.

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