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Mulheres investem no activismo no combate ao HIV

São notórias histórias de milhares de pessoas que vivem com HIV/SIDA e que optam pelo activismo para partilhar informações sobre a doença, depois de descobrirem o seu estado de sero-prevalência. O objectivo é contribuir para a prevenção e erradicação daquela doença. Este é o exemplo recente de três mulheres jovens, residentes na Cidade de Pemba, na Província de Cabo Delgado, que descobriram o seu estado de sero-prevalência do HIV ano passado, mas que não se deixaram desanimar. Ao todo, aquela província conta com 165 026 pessoas vivendo com HIV, segundo revelou, esta terça-feira, o Médico-chefe provincial de Cabo Delgado, Edson Fernando, à ONG Iniciativa Regional de Assistência Psicossocial.

Marina, Nádia e Laura (nomes fictícios para preservação de identidades reais), com idades compreendidas entre os 21 a 23 anos de idade, têm-se mostrado na linha da frente em Pemba ajudando no combate à doença através de palestras. Assim, um dos principais desafios para elas é combater a discriminação e desinformação que existem sobre a doença em causa. Durante entrevistas, as jovens destacaram a necessidade de colaboração da sociedade para incentivar as pessoas que vivem com HIV a aderirem e não desistirem do tratamento anti-retroviral. “Ter HIV não é o fim do mundo, apesar de ser desafiante porque se deve ter muito cuidado em relação à saúde. Então, a melhor solução é erguer a cabeça e lutar para sobreviver e com dignidade”, referiu Marina.

Por sua vez, Nádia apontou o défice no acesso ao financiamento para campanhas de sensibilização como um outro desafio que está a retroceder os trabalhos de prevenção. Por isso, as jovens defendem maior atenção aos programas de combate ao HIV com vista a promoção de tratamento digno aos pacientes nas unidades sanitárias.

Ciente dos desafios enfrentados pelos pacientes do HIV, a Iniciativa Regional de Assistência Psicossocial (REPSSI) tem trabalhado com vários segmentos da sociedade com vista o resgate da dignidade dos doentes. A coordenadora de projectos da REPSSI em Moçambique, Rabeca Boane, destacou a importância da assistência psicossocial como elemento importante sobretudo na elevação da auto-estima dos pacientes do HIV, bem como para promoção à adesão aos programas de tratamento anti-retroviral.

Entretanto, os ataques terroristas estão a colocar em risco a saúde de muitas pessoas que vivem com HIV. O facto é que alguns infectados pela doença são obrigados a abandonar suas zonas de origem, onde também recebiam o tratamento anti-retroviral, por receio de perder para os terroristas. Para tentar contornar a situação, segundo o Médico-chefe da província de Cabo Delgado, foram criadas brigadas para distribuição de anti-retrovirais nas zonas de reassentamento da população deslocada no âmbito dos ataques armados. “Apesar da dispersão das pessoas que vivem com HIV, conseguimos actualmente garantir tratamento anti-retroviral a maioria das pessoas infectadas. Temos registo de 165 026 pessoas vivendo com HIV, das quais 114 244 em tratamento” referiu Médico-chefe da província de Cabo Delgado.

 

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