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Muktar Carimo defende que “bancos poderiam reduzir taxas de juros”

Segundo o especialista na área bancária, os bancos poderiam reduzir as taxas de juros para aliviar o sistema financeiro. Isto porque, para Carimo, os bancos têm uma margem de lucro bastante alta, o que prejudica as pequenas e médias empresas (PME), que não sobrevivem no mercado nacional sem empréstimos.

A conjuntura económica a que Moçambique está mergulhado e as taxas de juros consideradas altas pelo sector privado não permitem que qualquer pequena e média empresa possa sobreviver no mercado nacional, de acordo com o especialista na banca.

“Sem o sistema bancário, é quase impossível alavancar uma pequena e média empresa”, afirmou Muktar Carimo. Entretanto, as taxas de juros de referência, por exemplo, subiram, só este ano, em cerca de 6%, colocando em risco a existência de algumas empresas. Segundo o economista, nenhuma PME sobrevive sem empréstimos bancários.

Carimo defende que as taxas de juro poderiam ser reduzidas, de forma momentânea, para ajudar a reverter o cenário actual para empresas que buscam créditos na banca.

“Uma das formas que os bancos poderiam adoptar é deixar de ter margens que hoje têm em termos de spread. Os bancos têm altos lucros, vamos perceber isso no relatório e contas, no final do ano. Podemos usar também o exemplo da Europa: o BPI lançou em Setembro os seus resultados e teve um nível de rendimento de cerca de 18% em relação ao ano anterior e vai ser assim, no sistema financeiro moçambicano de certeza absoluta”, vincou.

O economista explica que, em momentos de crise, os bancos e as demais entidades têm ganhos significativos inerentes aos seus lucros.

“Com as taxas de juros a rondarem os números que hoje rondam os lucros dos bancos comerciais disparam e não só os bancos comerciais, as grandes entidades, as gasolineiras, telecomunicações, energias e todas as outras têm um impacto bastante grande em termos de lucros”, esclareceu.

Apesar dos riscos que podem advir, pode até representar uma perda no primeiro ano, mas, a médio e longo prazo, não vai representar um risco para o banco.

“Umas das formas pode ser de reduzir as taxas de juros dos bancos, nem que seja temporariamente, eu, como banco, posso negociar com um cliente, onde nos primeiros dois a três anos, aplicar sobre a prime rate um ‘spread’ de zero a dois por cento, obviamente dependendo das condições que o cliente apresenta das colaterais das análises dos riscos vou aplicar por um a dois anos para alavancar a empresa e a partir do terceiro ano o ‘spread’ passa para 3% ou 4%, esta poderá ser uma forma de ajudar as pequenas médias empresas”, detalhou.

Spread é a margem que é adicionada ou subtraída à Prime Rate, ou seja, à taxa única de referência créditos bancários de taxa de juro variável (sejam eles operações de crédito contratualizadas, novas, renovações e renegociações) entre as instituições de crédito e sociedades financeiras e os seus clientes, mediante a análise de risco de cada categoria de crédito ou operação em concreto.

O economista acrescenta que, apesar dos altos créditos mal parados que os bancos apresentam, estes não são prejudicados devido às altas margens de lucro que conseguem angariar dos clientes que cumprem os prazos de pagamentos de empréstimos.

“O nível de créditos mal parados, mesmo estando a subir, se contrabalançarmos com as taxas de juros que são cobradas pelos clientes que cumprem o seu crédito, o fosso é grande, é bastante benéfico para os bancos, e ainda têm muita margem de lucros”, acrescentou.

De salientar que com “spread” mais baixo, as famílias e empresas poderão aderir ainda mais aos serviços de empréstimos oferecidos pelos bancos comerciais.

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